sábado, 29 de janeiro de 2011

RESENHA- KAFKA E A MARCA DO CORVO


Concluí pela manhã a leitura a obra de Jeanette Rozsas - Kafka e a marca do corvo. Janette é advogada e escritora e despontou recentemente no cenário dos romancistas de sucesso. Comecei a ler ontem por volta da quatorze horas e só parei para comer.  Não que eu tenha me encantado pelo estilo da autora. Na verdade ela redigiu uma pesquisa acerca da vida do autor em forma de romance, sem abusar de estilos ou recursos. Leve e direta, ela conta a vida de Kafka, desde a chegada do pai à cidade de Praga, o casamento com Julie, o nascimento do menino pálido e frágil, a infância e a vida adulta até a morte.

Em 184 páginas Rozsas reconta os fatos locais e pessoais da vida de Kafka obedecendo rigorosamente às inúmeras biografias consultadas. Pincela o livro com fotos de Kafka, das moradias, da família e de seus amores. Segundo a autora, todas as falas, especialmente as de Kafka, foram retiradas de suas Cartas, Diários, das conversa publicadas por Gustav Janouch e da Carta ao Pai.
Emocionou-me conhecer a história desse literato que tanto amo. Saber seus anseios e fragilidades, saber o que o motivou a escrever. Achei sua história íntima muito parecida com a nossa, escritores atormentados pelas rudezas do mundo.
O romance encerra com o obituário emocionado de Milena Jeseká ao jornal praguense Národní Listy. Dele retiro o trecho que mais me impressionou:

Era envergonhado, tímido, gentil e bom, mas os livros que escrevia eram cruéis e dolorosos. Enxergava um mundo cheio de demônios que guerreavam indefesos seres humanos e os perturbavam. Ele tinha um visão, muito sábio para viver e muito fraco para lutar. Mas a fraqueza dos sers bons e nobres que são incapazes de lutar contra o medo, desavenças, descortesias e desonestidade, que admitem sal fraqueza desde o início, submetem-se e, assim, envergonham o vencedor. Compreendia seus semelhantes de um modo que só é possível para aqueles que vivem sozinhos, cuja percepção é tão sutilmente afinada que conseguem ler uma pessoa integralmente através de um fugaz jogo de expressão...
Recomendo essa biografia romanceada para todos que desejam conhecer a história de Franz Kafka. A partir dela podemos entender o porque da linguagem protocolar, dos romances clautrofóbicos, dos contos fantásticos e das cartas e diários angustiados tão comuns na obra de Kafka.


Norma de Souza Lopes


3 comentários:

  1. Norma, que bom que você gostou do meu Kafka e a marca do corvo. Fiquei feliz com seus comentários e pelo fato de você não ter sentido o estilo da autora por trás da história. Escrever um romance biográfico é muito mais difícil do que parece. A pesquisa é a peça chave, sem dúvida, mas não é só. Há muita ficção, há muita elaboração de texto, para que não se torne mais uma biografia, entre as inúmeras existentes sobre Kafka. É assim que se consegue envolver o leitor que, como você, queira ler o livro de uma só sentada. Um abraço da
    Jeanette Rozsas

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  2. Oi Norma! Que bom que você se descobriu como escritora e nos ajuda a desbravar novos horizontes. Parabéns pela resenha! Abraços. MLP

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  3. A esposa dele não é Jane, é Julie

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