quinta-feira, 29 de setembro de 2011

RETORNELO


Você é a dose de caos
que impede que o círculo dos dias
me engula com sua garganta de tédio

Norma de Souza Lopes

sábado, 24 de setembro de 2011

Silêncio

Se semeio
palavras a fórceps
faço força

Palavras
são forcas
do ato

Sufocam
o exato
sentido 
dos fatos

Norma de Souza Lopes

sábado, 17 de setembro de 2011

De onde vem esse choro?

Choro esse não criado que ainda não explodiu
que ainda não vejo, mas jaz entumecido em mim.
Choro pelo ainda desconectado entre mim e o mundo.

Choro meu desejo de criar
como uma artesão cósmica 
conectando o mundo ao caos.

Criar o invisível escondido sob palavras não ditas, 
sob o tempo não vivido 
torná-los vistos, visíveis e sensíveis.

Por absoluta necessidade 
sou capturada por esse ato prenhe de criação
por essa força caótica que engedra em mim o novo.

Essa necessidade de conexão 
eu identifico como a vida pulsante 
que vinga em mim como devir.

Anseio criar 
a partir da sensação de permanência 
não como desejo de imortalidade 
mas como sensação de duração. 

Sei que não saio ilesa do tempo 
mas desejo criar algo que me ultrapasse.

Norma de Souza Lopes

sábado, 10 de setembro de 2011

LAMENTO

Se me pedisse: _ Canta!
Para ti eu emitiria 
um som que marcasse meu tempo em sua alma

Se me pedisse: _ Canta!
Para ti eu soaria
uma melodia que imprimisse meu rosto em seu corpo

Se me pedisse: _ Canta!
Para ti eu reverberaria 
notas que invadissem seus caminhos, sua casa, sua vida

Mas você não pede e eu fico muda
e essa música que é a força do tempo, do semblante e do espaço 
fica presa em minha garganta

Prefere deixar-me aqui, condenada à poesia
grito surdo e solitário 
carcere gutural de mim

NSL
10/09/11

domingo, 4 de setembro de 2011

Quebrou-se



Ainda  que pensasse que o espelho
era Eu do outro lado
descobri que do outro lado
apenas o Outro

Mas enfim quebrou-se
e foi lançado nas águas do tempo
e eu que era tanto o Outro
Agora posso ser Eu somente

Ou tantos outros?

Norma de Souza Lopes