domingo, 30 de dezembro de 2012


O mesmo desejo que sinto de fazer com que um roteirista mude o final de um filme é o que me provoca esse poema de Adélia Prado. Ele me dá ganas de gritar: Diga alguma coisa mulher! 
No entanto eu sei: ele me afeta por que me lembra meus próprios silêncios.

ENREDO PARA UM TEMA

Ele me amava, mas não tinha dote,
só os cabelos pretíssimos e um beleza
de príncipe de estórias encantadas.
Não tem importância, falou a meu pai,
se é só por isto, espere.
Foi-se com uma bandeira
e ajuntou ouro pra me comprar três vezes.
Na volta me achou casada com D. Cristóvão.
Estimo que sejam felizes, disse.
O melhor do amor é sua memória, disse meu pai.
Demoraste tanto, que...disse D. Cristóvão.
Só eu não disse nada,
nem antes, nem depois.

Adélia Prado

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