terça-feira, 9 de maio de 2023

Tou aqui pensando em como eu não me sinto tão triste assim pela perda da Rita Lee. Acho que não sinto tanto porque o que ela foi pra mim vai continuar sendo. Ela rasgou dois séculos sendo mutante, não repetindo nada, dando um foda-se pra normose dessa caralhada de gente que acha que nós temos que seguir um roteiro. Rita ensinou pra gente não precisa ser a mesma pessoa sempre, que a gente pode se inventar o tempo todo. Acho que é isso. Ela fica em mim nas letras que estão quase inscritas na minha pele. Fica nesse modo de me inventar todo dia, de não se resignar a uma vida besta. Sou grata por ter recebido dela esse exemplo, dela ter ficado de lá da tela, da agulha, me mostrando que tudo bem ser inconsistente que se às vezes der ruim, tudo bem tbm. Tem essa entrevista dela na Roling Stone onde ela  diz assim "Vamos combinar que todo mundo mente?",  "Em entrevista, a coisa fica sendo ainda mais sedutora. Afinal, inventar coisas absurdas a seu respeito não é mais interessante para um jornalista do que simplesmente contar-lhe como sua vidinha verdadeira é besta?" ou ainda "Dentro deste corpo que me pertence há 60 anos já pude presenciar uma porrada de exemplos de minha burrice e mediocridade". termina assim "Querido, inventa bastante coisa sobre mim nessa minha matéria?   Não vou precisar fazer muita força para manter a Rita na minha memória. Ela já tá inscrita no meu modo de viver: invento uma história, vivo ela todo dia, e essa é a minha história

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