quarta-feira, 16 de maio de 2018

nem todo poema merece perdão
[norma de souza lopes]

me constrange que eu não possa
levar pão às  bocas famintas
cobrir os pés de meninos descalços
acolher às irmãs que sofrem desamor
combater o racismo de todo dia
contra nossos irmãos
as anciãs negligenciadas
os cães abandonados

me constrange que eu
inábil para a esgrima
esteja aqui a rezar padre-nossos
e a falar da beleza dos arrebóis

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