sábado, 28 de abril de 2018

não em abril

eu dizia flâmulas de ouro
e fazia brotar o trigo
por alguns dias
a magia da poesia
tornava possível ser feliz

agora tenho apenas
essa ânsia de afogada
me fazendo buscar palavras
de quando acreditava
na vida simples
e para sempre

tão simples como
o tingir-se de roxo
das amoras, o passar
distraído dos dias
simulacros de alegria

esvaziam-se cômodos
pintam fachadas
as roupas doadas
não contam
daquilo que morre

espero que haja perdão
para aquela que em mim
dissipou as migalhas
deixadas ao longo da estrada

espero, pois há de vir
nessas tardes cinzas de outono
palavras mágicas
que suspendam o peso
de minhas sombras
porque a poesia
a poesia
é a minha extraordinária
história de amor

Nenhum comentário:

Postar um comentário