domingo, 15 de abril de 2018

amanhã (republicado)

amanhã será segunda-feira
correndo tudo bem
baixo sobre mim a tampa
fazendo as contas
do advento da agricultura até aqui
é impossível impedir
a perversidade dos que tem mais
não sei ao certo
o que tenho eu com o perdedor
da vida, trago só o que arranquei à unha
do passado, a fome da infância
e eu, aquele bar 24 horas aberto
onde homens escarravam discretos
e mulheres desfilavam
o cheiro de desodorante avon
pesadelos apagaram sonhos bons
mas estar feliz ou triste é uma balança
amar a praça, a dança, o sol
não tem nada a ver com boa sorte
ganhar ou perder é questão de convicção
para que lado pende o prato
enquanto ouço esse blue
e escrevo esse poema?
e depois de amanhã será terça-feira

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