quinta-feira, 26 de julho de 2012

Resenha "O olho mais azul" deToni Morrisson


O dia inteiro sobre esse " O olho mais azul" de Toni Morrison. Tão atropelada pela história que mal consigo resenhar. 
Passagem digna de citação. Claudia falando sobre a conversa da mães com as amigas adultas " A conversa delas é como uma dança gentilmente travessa: som se encontra com som, faz uma mesura, sacode-se e recua. Entra outro som, ma sum outro lhe toma o lugar: os doid volteiam um em torno do outro e param. Às vezes as palavras delas se movem em grandes espirais: outras vezes dão saltos estridentes, e é tudo pontilhado de risos calorosos e pulsantes - como o pulsar d um coração feito de gelatina. O gume, a curva, a intensidade das emoções delas são sempre claros para Frieda e para mim. Não sabemos nem podemos saber o significado de todas as palavras, pois temos nove e dez anos. Assim, observamos os rostos delas, as mãos, os pés, e procuramos verdade no timbre da voz." 
No primeiro capitulo Morrison apresenta repetidamente um texto de cartilha em voga até 65 e vai retirando deles os recursos até unir as palavras da narrativa
"Estaéacasaéverdebrancatemumaportavermelhaémuitobonitaestaéafamíliaamãeopaidickejanemoramnacasabrancaeverdeelessãomuitofelizesvejaajaneelaestádevestidovermelhoelaquerbrincarquemvaibrincarcomjanevejaogatoestámiandovenhabrincarvenhabrincarcomajaneogatinhonãoquerbrincarvejaamãeamãeémuitoboazinhamãequerbrincarcomajaneamãeririamãeriavejaopaieleégrandeefortepaiquerbrincarcomajaneopaiestásorrindosorriapaisorriavejaocachorroauaufazocachorroquerbrincarcomajanevejaocachorrocorrercorracachorrocorraolheolheaívemumamigooamigovaibrincarcomajaneelesvãojogarumjogogostosobrinquejanebrinque".
Passa os quatro capitulos seguintes no mesmo exercicio de desconstrução, quatro estações, desmontando a suposta felicidade do texto da cartilha a partir do desmonte das vidas de seus personagens.
Excetuando os poucos momentos em que a voz da menina Cláudia assume a narrativa com seu olhar infantil, a obra é pungente. Me fez sentir como seria a vida das crianças negras nos EUA na última metade do século passado. Os recursos linguisticos e a poética é excelente. Senti apenas pelo tom determinista da narrativa.

Norma de Souza Lopes

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