quinta-feira, 18 de março de 2021

oscilação

"não escreve mais poesia?"

você pergunta

eu não respondo nada

estou cansada

desse versos requentados

sujos, amarelados

carregados pelo vento

jornal de ontem


exausta com este tempo

em que qualquer vigarista 

inventa verdades

tantas eras 

e este pêndulo de déspotas 

a atrasar a democracia

(e nem era democracia, o fluxo 

que eu queria

ainda não tem nome)


sei que tinha dito

"não vale a pena"

" não há nada a dizer"

mas há um sinal 

de nascença em minha lingua

uma esperança obscena

abrir as portas

e mover o mundo

2 comentários:

  1. Como sempre, suas palavras são pura potência. Mesmo com o ar de cansaço, mesmo com a desesperança, há uma brasa aí nos seus versos que nos inflama. E me sinto falando junto com você: "...o fluxo / que eu queria / ainda não tem nome"...
    Magnífico!

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  2. Sempre que eu entro neste blog, dá uma enorme saudade. E também a saudade me faz entrar aqui, sempre pra conferir se você tem novos poemas, que sempre são formas de virar minha cabeça do avesso.

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