terça-feira, 18 de junho de 2019

Quase trinta anos de análise iniciada e interrompida e algumas constatações:
- não há restituição para os nomes malditos recebidos por nossos pais. Eles não são mais os mesmos;
- se nós mesmos não nos renomearmos o mundo irá fazê-lo. E não será generoso.
- algumas metáforas para análise funcionam bem. Um poço de onde se tira pedras até chegar ao fundo, uma fonte inesgotável de onde se tira água etc. Prefiro a segunda por ter percebido que o conteúdo produzido em análise, as simbolizacões, para mim, são tão fluidas quanto a água. Sempre que penso que esbarrei em uma construção de sentido que poderia 'fechar Gestalt" ele escorregava para outro lugar. Pouquíssimos significados construídos por mim em análise se aproximaram da solidez de uma pedra e definitivamente essa construção não tem fundo em mim.
- e finalmente, sou grata a cada símbolo, fantasia, imaginário que construí ao longo desses anos. Sou uma pessoa bem menos lacunada, fragmentada e  quebrada em decorrência dos sentidos que fui construindo em análise. Apesar de provisórios eles são eficazes em preencher as minhas brechas e colar meus cacos.

Um comentário:

  1. Por que somos sempre tão fragmentados? Penso que se deus existe, ele deve ser mesmo muito mal, para nos deixar vir ao mundo tão despedaçados que sejamos obrigados a uma eterna autoanálise para irmos colando esses fragmentos...

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