quinta-feira, 7 de junho de 2012

Abre os olhos e acorda. Passa as mãos pela cama.
Ainda estou aqui.  
Olha longamente para mim, de um jeito que só estando na cama é possível. Sonda meus olhos.
Ainda há amor dentro deles?
Dá um suspiro. Vacila entre acordar e continuar dormindo. Junta seus pés aos meus.

E eu, que estou a dias sem achar nada que justifique continuar levando essa vidinha medíocre, esse continuo non sense dos atos e das horas, no exato momento que sinto o toque nos pés, me lembro que não precisa sentido. Basta estar viva.
Sinto ali, no meu pé, nas células tocadas do meu pé, a vida trabalhando. A mesma vida que espoca nos meus braços e pernas, dorso e entranhas, coração e cérebro.
E eu havia me esquecido.

Norma de Souza Lopes

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