domingo, 23 de janeiro de 2011

GERAÇÃO PESCOÇO DE GALINHA


Há alguns anos participei de uma formação como a psicopedagoga Fernanda Sobreira e na ocasião recebi de presentes reflexões para a vida. Acredito que seus ensinamentos reverberaram em mim por causa da beleza de suas histórias.
Sobre o caráter subjetivo do ponto de vista ela contou uma história de uma juíza que, estando diante da TV no 11 de setembro, refletia acerca da miríades de processos que aquilo iria gerar quando a empregada boquiaberta, parada atrás dela, com as mãos e a cabeça apoiada sobre o cabo da vassoura expressou um sonoro - Que poeirão! - O ponto de vista de quem luta contra a poeira todo dia. Entendi o paradigma da subjetividade e ainda ganhei esta história.
Mas o relato que mais me impressionou foi o que Fernanda chamada de História da Geração Pescoço de Galinha. Ela contava que nós, os trintões e quarentões do final do milênio, havíamos passado nossa infância vendo nossos pais comer o peito e a coxa do frango ansiando por crescer e comê-los também. Mas no caminho do crescimento fomos tendo filhos e transmitindo para eles o legado da coxa e do peito da galinha. A Geração Pescoço de Galinha nunca se deu ao luxo de  desfrutar do melhor por que quer "dar o melhor para os filhos". 
Fernanda contava que precisamos ensinar nossos filhos a lutar pelas coisas que desejam. E esse ensino passa pela conduta de não dar tudo, de dificultar um pouquinho suas aquisições, modelando o que a vida é na verdade, uma série de obstáculos que precisamos continuamente superar.
A despeito de toda reflexão que aprendi naquela formação, ainda me pego privilegiando meus rebentos e ficando com o pescoço da galinha. Sou mãe e não sou de ferro. Mas no geral acho que tenho tido bons resultados em ensinando a transpor os obstáculos da vida. Devo isso aos ensinamentos de Fernanda Sobreira.

Norma de Souza Lopes

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