quarta-feira, 7 de dezembro de 2022



Acerca da coluna da Andréa del Fuego para a Folha de São Paulo em 06 de dezembro de 2022

Há algo que não está dito mas, que no entanto, me faz pensar: quem lê tanto livro? Quem fomenta esta leitura?

Trabalho exaustivamente por isso no chão da escola todos os dias e nem sempre acho que acerto. O peso e a cobrança sobre a escola é bem maior e no final há sempre o risco de escolarizar demais. Mas não acho que a sociedade em geral está disposta a pensar que formar leitores é tão importante quanto escrever e mais, trata-se de uma responsabilidade coletiva.

domingo, 20 de novembro de 2022

 


    Há muito que eu trabalho e discuto o racismo e a agência do antiracismo o ano todo. Este ano dei mais uns passos. Compreendi coisas novas a partir da leitura de Franz Fanon e de sua leitura acerca da consciência, conciência-de-si e representação em Hegel. O que entendi é que representações e identitarismos me engessam e me impedem de ser humana, um ser em frenética mudança, que acolhe o acaso.
    Não que eu precise deixar de performar para lutar, não posso fazer isso. Mas, só vou aceitar ser negra para uns, ser parda para outros ou ser branca para outros quando isso implicar em luta contra as estruturas racistas. Implica também em fazer silencio quando um excluído fala e falar quando um excluído estiver sendo silenciado por essas forças.
    No entanto estou emocionada com esse dia, doida para celebrar, feliz que seja domingo. Espero que no futuro o 20 DE NOVEMBRO seja feriado, para que possamos ter tempo para fazer eventos discursivos e festas. Para conversarmos e celebrarmos colocando em em fluxo toda a força que a filosofia negra (ou cosmovisão,se preferirem) veicula, a saber, razão e corpo, este todo potente.

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Para além da educação 4..0

https://youtu.be/wmvXvrOhE6s

 Para além da indústria 4.0, da Educação 4.0, pensar a escola como um espaço que faça mais que formar indivíduos prontos para servir ao machismo, ao racismo e principalmente ao mais perverso de todos, aquele que determina o funcionamento de tudo no mundo, o CAPITALISMO. 

Uma educação realmente revolucionária deverá por fim as dinâmicas de competição humana. Deverá instalar a cooperação como princípio comunitário. 

É preciso romper com a ideia de mercadoria e resgatar o princípio da ética, ou seja, viver bem com pessoas,bichos, plantas e pedras. Fazer parentes, lançar mão da  simpoiese, ao modo de Donna Haraway. 

Sabemos que isso não é simples. Como educadores por vezes somo um fluxo circulando num determinado circuito, o espaço educativo,  com as suas aberturas e limites, passagens subterrâneas e translações. Enquanto a corrente ficar circunscrita às mesmas vias, com as mesmas ligações supostamente “naturais”, a tendência é sempre repetir uma rotina, num automatismo recorrente.

Nesse caso às vezes é necessário instalar o desarranjo, uma anomalia(o escândalo e necessário, mas maldita e a boca de o de ele vem), quando salta uma conexão inesperada, digo, quando se entra em relação com o heterogêneo e díspar, quando aí se estabelece uma aliança antinatural, com outros circuitos imprevistos, abrem-se outros caminhos, constroem-se hábitos novos e o futuro se abre à invenção.

E essa e a deixa do educador que deseja trabalhar contra a exclusão, fazer diferente. Não se iluda, não há ganho pessoal. Pelo contrário, é possível sofrer perdas. Mas esteja certo que na ponta do processo, o mais excluído dos estudantes estará ganhando. E quando ele ganha, o país inteiro ganha. 

Em tempos de luta legítima por melhores condições de trabalho gostaria de falar também de duas matérias discriminadas na educação: a espiritualidade e o amor (notem que estou falando de espiritualidade e não de religião, isso é de propósito). Gosto muito da proposta de Bell Hook, para qual o amor deve ser pensado como uma ação, como verbo. E envolve muito mais do que afeição, mas "carinho, reconhecimento, respeito, compromisso, confiança, honestidade e comunicação aberta". Ou seja, amar é "promover o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa". 

Nos comprometer com nosso crescimento espiritual e com o dos estudantes, amá-lo deveria ser mais que associa-lo a um filho ou a um parente. Não uma cápsula de futuro, uma mercadoria a ser produzida, avaliada e entregue pronta ao mercado. Olhá-lo e ver seu corpo, sua alma, seu intelecto como algo único, precioso e completo, vivente e existente no agora. 

Antes eu sonhava com a melhor escola do Brasil, e não via o quanto competitivo isso era  Esse sonho está dando lugar para outro: um Brasil de excelentes escolas. A competição é a arma do capitalismo e o poder é a única capacidade dos impotentes. 

Sigamos educadores intensos e potentes, escapando ao canto da sereia que representa todo poder. 

sábado, 4 de junho de 2022

ordinário

não tem mais poesia. nem um verso. queria contar que perdi um amigo com a idade do meu filho. queria contar que a dor é física. queria ter dito eu te amo meu amigo mas isso é só mais uma coisa egoísta de quem fica. não tem poesia. acabou mesmo. queria contar que fui numa orquestra que tocava Rolling Stones e antes da quinta execução eu estava de volta em casa por dificuldade de sentir. parecia que na internet era a mesma coisa. queria contar que ela vinha e não vem mais. não é poético o desespero e a gana de sentir o tato de strudel de sua pele enquanto aliso a tela do celular. queria contar do medo de segurar a mão de quem tá mantendo a cabeça dentro d'água. quantos mergulhos a minha vida ainda poderia tolerar? é isso, nenhuma musa, só esse holocausto tupiniquim que eu finjo não ver para não sucumbir.



segunda-feira, 28 de março de 2022

25 de março

Era quase infantil 

os gritos 

e as faixas

"Kalil pague o piso"

O piso salarial é o valor mínimo da remuneração que pode ser destinada a determinada categoria profissional, variando  conforme cada profissão. O benefício deve ser superior ao salário mínimo nacional.

cerca de trinta pessoas em um meio círculo pacífico

A imagem do olho pode aparecer simbolizando o colo materno, o protetor da criança que tem pavor da consciência. Na imagem do olho encontra-se a pupila, a criança. 

" acerte primeiro os olhos"

bombas de gás lacrimogêneo são estruturas de metal disparadas por armas lançadoras que, após explodir, liberam um gás basicamente composto de 2-clorobenzilideno malononitrilo, o chamado gás CS. Trata-se de uma substância sólida que misturada a solventes toma a forma de aerosol ácido, que em contato com os olhos causam lacrimajemento intenso e queimação.

"ali, bem na cabeça"

Bastão expansível tático, ou cassetete uma arma de defesa pessoal considerado uma arma menos letal, normalmente feito de madeira, ferro ouprolipropileno. Seu uso remete ao período vitoriano em Londres pela policia da época, dês deste uso em Londres, a utilização do cassetete e de bastões de defesa foram popularizando através do mundo sendo essencial para as forças de segurança policiais.

educação

modos tão singulares de violência

Professor é uma pessoa que ensina ciências, arte, técnica ou outros conhecimentos. Para o exercício dessa profissão, requer-se qualificações acadêmicas e pedagógicas, para que consiga transmitir/ensinar a matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno. É uma das profissões mais importantes, tendo em vista que as demais, na sua maioria, dependem dela. Platão, em A República, já alertava para a importância do papel do professor na formação doo cidadão.

 

como crer numa cidade 

que não se levanta

quando o governo

violenta

professores?