segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A DESPEITO DE ÉDIPO

Coisa de judeu ascético essa história de inveja do pênis, não é mesmo Gwenever? Uma iluminada africana com certeza dava outra explicação para os impulsos sexuais femininos na infância. Desde cedo nós já sabemos que eles são tão castrados como nós, Gwenever, mas o Freud preferiu achar que era medo. 
Medo nada. Eles iriam querer lançar filho no mundo com a própria barriga, por isso saem por aí fazendo prédio, ponte e guerra. Mas isso não é a mesma coisa que filho. Uma lagartixinha tão singela como tu, Gwenever, deveria saber tanto de psicanálise como de produtos notáveis. Liga não, você não perderia nada.
Só depois de me livrar dessa história de inveja eu consegui escrever. Eu precisava valorar os meus produtos, parar de olhar para os outros. Você ri,  né. Então concorda com ele que era inveja? Não estou dizendo isso, estou afirmando que só depois de limpar a minha credulidade dessa tal  referência masculina é que eu pude criar algo artístico, entende? Não que eu tivesse inveja, mas o fato de eu acreditar que tinha inveja me barrava.
Você sabe disso, lembra quando eu te contei do sonho do parto no chão? Naquele dia eu renunciei a essa gabarola de inveja do pênis. Só tendo uma lagartixa de estimação para fazer essas reflexões. Você Gwenever só tem duas funções no mundo, se alimentar e por ovinhos com filhos dentro. Bom ... Agora você tem essa outra que é me amar, mas de função mesmo eram essas duas. Não precisa ficar sangrando digressões até conseguir fazer o que veio fazer nessa terra.
E eu tenho certeza que depois de fazer filho escrever é minha função mais importante nessa vida. Escuta Gwenever, essa história de reencarnação está entrando no meu discurso, você está vendo? Acho que é de tanto você falar de vida após a morte. Que tinha eu de escolher justo uma lagartixa kardecista para confidente. Mas deixa estar que relação é troca e você bem tem considerado o existencialismo, que eu sei. Vamos ficar nós duas capengando entre a essência e a existência até acharmos um meio termo. No fim ganhamos as duas. Agora me deixa ir que se que não acabar de ler esse livro do Mezan danço nas provas. Você vai ficar bem sem mim, né?

Norma de Souza Lopes

4 comentários:

  1. Desculpe, é uma crônica?rs

    Valeu pelo comentário no meu blog. há poucos trabalhos sobre o complexo de Elektra, acho que deveria se discutir mais sobre isso.

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  2. Bem, Norma, a respeito das teorias freudianas eu entendi bem e concordo, inclusive, com você. Freud ocidentalizou demais a sua tese. Boiei foi com o Gwenever.rsrs. Abraços. Paz e bem.

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  3. Amiga seu texto está bem científico, porém muito gostoso de ler na sua essencia.
    Beijos

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