sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

COMO É VELHA A NOVIDADE




Oi! Você está diferente, cortou o cabelo? Esta parecendo até que perdeu uns quilinhos. Esporte é. Que esporte? Squach, sei não mas parece chique. Sinto sim, mas a gente tem que aceitar né, acabou fazer o quê?
Você parece estar bem de grana. Quem é aquela? Que bom, a fila tem que andar, não é mesmo. Não, não estou namorando ainda não. Ainda, entende? Onde você conheceu ela? Ah, demorou para você concluir esse graduação de letras. Ela recita em latim é? Coisa de nouveau riche.  Que nada, todo burguês culpado diz que sofreu na infância, isso é lorota. Não entendo o que eu que eu fiz errado para gente terminar. Agora é fácil você falar isso, eu estava me matando em dois empregos para pagar o aluguel e a comida enquanto você viajava naquela onda de banda, não ia conseguir mesmo ser boa na cama. Que bonitinho, descansada, sendo regada a champanhe e caviar até um beijo ia me fazer gozar. Comigo não violão, não me compara com essa patricinha burguesa de meia pataca que se ela tivesse que te manter como eu fiz por dois anos ela não aguentava. Dois anos, viu. Eu ralei pra caramba e agora você vem me jogar na cara essa história de sexo ruim. Não, não quero jantar não. Era bem capaz de eu te dar vidro moído. Que que é aquilo que ela está carregando, é o meu disco da  Billie Holiday? Outro? Mas eu já te dei um de presente. Vê se me devolve o meu então. Que que tem minhas unhas? É, estão roídas mesmo. Como elas para não rasgar a sua cara de raiva.  Ah gosto, ah gosto. Pára com isso, ela está olhando. Vou cantar para subir. Eu sei, eu também sinto, na verdade eu ainda gosto muito de você, vou parar de falar senão eu choro. Vai passar. Cadê ela, sumiu no corredor de filme, aposto que ela adora o Marcel Carné. Dá tchau pra mim. Vê se me liga de vez enquanto. Eu não vou ligar não, ela pode estranhar. Então, até a vista. Não me aperta desse jeito, vai que ela aparece. Você é um safado mesmo. Fui. Tchau.

Norma de Souza Lopes

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