sábado, 22 de janeiro de 2011

AS TRÊS MULHERES

Ah Luíza! Não fosse essa três mulheres dentro de você eu até continuava te amando. Mas não posso com isso. Preciso de um pouco de regularidade para consagrar meus afetos. Essa dança de humores que você exibe todo dia quase sempre me agasta.
Me exaspera essa moça triste, olhar recuado, que não localiza graça na vida. Nem meu amor nem as miríades de gracinhas que eu faço podem te alegrar.
Me enerva essa mulher iracunda que briga com atendente por causa de café frio, que fala em 6000 rotações e que grita na rua por ciúmes de um olhar que eu nem vi.  
E essa mulher que não gosta das minhas gravatas, que debocha das cores dos meus sapatos e que ironiza as reflexões tão filosóficas que eu faço sobre a vida? Tenho me esforçado muito para não achar que eu sou parvo.
Por isso eu estou indo embora. Por que a Luíza que me abraça, que entende quando eu chego atrasado, que ri das minhas piadas e cuida de mim quando eu adoeço tem aparecido pouco por aqui. Eu fui ficando sozinho com essas outras. Suspeito que se eu continuar convivendo com elas, sou capaz de enlouquecer.

Norma de Souza Lopes

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