sábado, 24 de novembro de 2018

Fatal

Há esses átimos em que eu desligo o sensor e vejo monstros  nas paredes mofadas, corações no vapor das vidraças, elefantes em nuvens. E há essa eternidade inventando amor.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

desencanto

eu descasco e corto uma laranja
e o sumo, indiferente aos meus esforços
escorre e por um segundo vislumbro
ali, nas gotas, o amor, a alegria, a paz
que já não existem mais

e assim a vertente
de meus desconsolos
vista de cima, em gotas
sem nenhum glamour
parece absolutamente ridícula


domingo, 4 de novembro de 2018

afogada

O pior não é ter que conviver. O que me mata é a lama de ódio que me chega aos joelhos. O ódio do outro que, por empatia, se instala em mim mesma.
Se me gritam, é uma bóia que vem tarde. Às margens do meu corpo apenas o silêncio de uma afogada.
Diante de mim essa procissão de guerreiros lutando por vantagens insignificantes ou pela palavra final.
Onde foram parar as palavras de pele e osso que me despertavam do pesadelo?
Onde foram parar aquelas alegrias que perseveravam apenas por amor a si mesmas?
Estou muito cansada. Exausta.