sábado, 29 de setembro de 2012

Sobre a nossa reunião dessa semana do " Escola que aprende"


Aprendi com um de meus mestres que construir conhecimento coletivamente exige "roda", exige abolir hierarquias, exige acolhimento de idéias, mesmo as mais miúdas. E nossas primeiras idéias não tiveram nada de miúdas.
Estamos na segunda reunião mas as expectativas são de anos. Não importa. Expectativa pode ser um "vir a ser", a lacuna onde a ação se encaixe. Com tempo chegaremos numa prática educativa melhor.

Sigo nutrindo aquele sonho de começo de carreira: Trabalhar na melhor escola do Brasil. E sei que ela não se fará sozinha, nem da noite par ao dia.  Meu lugar utópico, a Escola da Ponte, demorou trinta anos para ser o que é. Sigamos trabalhando.

N.S. L. 

sábado, 22 de setembro de 2012












Teu texto é muito claro e esclarecedor, ítala. Viver, nesse estágio terminal do capitalismo, tem sido duro. De arte, de dar aula, de medicina, de faringelaringologia. O perrengue é que vamos sendo coisificados. Viramos código de burros. Abduzidos e abilolados pelo dinheiro e pelo trabalho. E esquecemos como é que se vive. O sistema neoliberal matou a utopia. Não imaginamos ter alternativas. mas te


mos. É preciso coragem. Tirar o fio da tomada. Cuidando para não se achar maluco. “q não seja o medo da loucura q nos faça baixar a bandeira da imaginação”. E aí de repente, estamos ligados à vida, à invenção, a tudo que passa e fica porque vibra na nossa onda. Acho q temos q ter coragem muita para nos desintoxicar desse tempo da produção, da coisa, do código de burros. E desejar outras coisas. A publicidade desenha nossos desejos, que na verdade, são os deles. e nos faz endividar a alma p/ consegui-los. Eu não me reconheço neles. O carro do ano, a casa própria, a mina da capa. É preciso se desintoxicar disso, ítala. E reconstruir uma vida do tamanho da gente. Slow hand, slow food, slow life. Enquanto vida houver.

Nos setenta, o inimigo era um espantalho, um general bufão, que espantava os pássaros e bichos da horta. Com a tortura e a repressão. Era um inimigo visível que nos deu garra para guerrear. Hoje o mercado faz o papel do espantalho, com sua cara sem rosto, com seu poder invisível. Como um agrotóxico. Vc introjeta o inimigo. Ele mora em vc. Como? Incorporando a censura e os desejos impostos pela propaganda. É muito mais difícil a briga. Lutar contra um inimigo q vc não identifica, não vê. Haja ninja. Mas somos ninjas imbatíveis. Operamos pelo faro, pelo nosso radar transcendental. E então, ele passa a ser visível. E uma das suas formas, é o próprio agrotóxico que nos envenena a cada mordida e nos faz perder a visão no escuro, q deixa tudo embaçado, vago, tudo pastel. Recuperar o humano, o sensível, nossa destreza e asa. Isso pode ser um bom início. Agrotóximo go home. Em todos os sentidos. Na comida, nos desejos, nas relações. E não ter medo de mudar o círculo de amizades. De ficar sozinho. Outras pessoas na mesma vibe virão. Como sempre. Meu leminha é há muito tempo: saúde, discernimento e entusiasmo. E que venham os moinhos de vento, os dragões, o escárnio. Saberemos enfrentá-los com um sorriso de imenso prazer.






Ricardo Chacal
Desde que ganhar a vida virou trabalho excessivo, ando perdendo a vida...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012





Estou aqui revendo as fotos da apresentação do VO(O e pensando em algo que aprendi com Ricardo Aleixo na oficina PALAVRA FALANTE. Para se aproximar de um poema, apresentá-lo em perfomance, é preciso chegar em sua essência.
Trata-se de usar a voz como uma faca afiada para chegar ao "osso" como diz Ricardo. Alcançar o primevo, o gesto inaugural do poeta ao gerar o poema.
Essa é outra marca que a oficina me deixou.
Estive hoje no OI FUTURO e depois de me deliciar com o uma infinidade poética de Xico Chaves, e viajar nas ilustrações de Mario Vale sai de novo com mais perguntas que respostas.
1° Como pode ser a OI uma empresa tão chulé e financiar proj


etos de arte tão caros?
2° Será que algum dia eu terei grana para executar um projeto que use pelo menos a metade dos recurso que vi em “Órbita - Poética - Xico Chaves” ?
3° Será que é isso que eu quero?

Sem graça. Perdi a poesia por causa do Mecenas.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


Três meses, esse foi o tempo que pudemos desfrutar do brilho de Ricardo Aleixo e sua (nossa) oficina PALAVRA FALANTE. 
Por mais que eu diga nenhuma palavra fará jus à qualidade do conteúdo veiculado nessa oficina. Traçamos com Ricardo Aleixo um percurso de desautomatização da voz e do corpo. Traçamos também um caminho teórico robusto acerca de poesia e performance. Por nós passaram poesias de   Velimir Khlébnikov, Jerome Rothemberg, Augusto de Campos, Bashô, Raymond Queneau, Hans Magnus Enzensberger, Yi San. Também ouvimos teóricos como Paul Zumthor, Humberto Maturana, Richard Bauman dentre outros. 
A partir de uma das dinâmicas da oficina, a bola, pudemos renunciar  a condicionamentos corporais em favor de posturas importantes para a performance poética. Nessa  dinâmica passamos a tomar consciência do corpo em relação com a bola, sem nos preocuparmos excessivamente com o desempenho. 
Outra dinâmica usada por Ricardo foi a roda. Da roda, estrutura sine qua non da oficina, emanava um voz que, sendo mais que a soma dos vários "eus" do grupo, proporcionou relações, acolhimento, sentido e direção para o grupo.
Com tudo isso não poderíamos nos furtar de um resultado brilhante. 
No incio de setembro Ricardo Aleixo batizou o VO(O - Coro de Vozes Comuns para Usos Incomuns, e já na primeira apresentação pudemos experimentar a alegria do reconhecimento de um bom trabalho. 
Mas o VO(O é mais que produto. VO(O é um coro de afetos construído a partir do trabalho de um mestre.
Muito obrigada Ricardo Aleixo. Sem você nada disso teria sido possível. 
Grata também a Beatriz Ferraz, Ele Iram, Larissa Amorim Borges, César Macedo, Humberto Leandro Régis Silva, Rosely Gonçalves, Bruno Brum, Haley Caldas que foram RODA comigo no VO(O. 

Algumas pessoas são simplesmente boas e você talvez  não tenha uma pista da extensão do quanto bem me fez. 
E mesmo que eu não ache as palavras suficientes para agradecer gostaria de repetir o ritual de felicitações.
Desejo pra você muito brilho no olho para ver inúmeros céus rubro-alaranjados sobre sua cabeça.
Desejo a você ouvidos macios e atentos para ouvir as declarações  de quem te ama como o som de cem  pássaros cantando. 
Desejo a você pés descansados para caminhar e levar a caminhar aqueles que se pensam sozinhos. E assim estar só apenas quando desejar.
Desejo a você braços dispostos a dançar mas também dispostos às lutas pacificas.
Desejo a você uma voz disposta a propagar a alegria de viver apesar das tristezas inerentes ao ser. 
E finalmente desejo a você força para, sendo todo em um só,  corpo, mente e alma, iluminar e iluminar-se. Continue a alegrar alegrando-se. 
Feliz Aniversário Ricardo Aleixo.

sábado, 15 de setembro de 2012


Foi assim. Um dia, há pouco tempo atrás, tudo aquilo que eu vinha pensando se juntou dentro de mim. E o futuro deixou de me preocupar tanto. Percebi que aquele imprevisível assustador que eu via lá no meio do túnel estava ao meu lado o tempo todo. Venho sobrevivendo a ele de maneira primorosa. Mais que sobrevivendo até, passei os últimos quarenta anos fazendo do imprevisível o melhor de mim. E isso não é algo que se deva temer.

N.S. L. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Já deu. O Dragão não se tornou princesa. Esvazie. Corte na jugular isso que pretendia ser afeto. Não vai dar para se sentir feliz hoje. Nem você esperava isso.

Em movimento, nem sempre na direção certa.
Pra dentro, para fora, para não se perder nem em mim si nem no outro.
Mais um dia, mais um dia, mais um dia.

E chore. Quem sabe diminua a dor. Eu não ia mesmo querer ser aquilo que você deseja que eu seja.