Desfrutei com algumas amigas um passeio ao Parque do Itacolomi ontem. Comigo caminharam Rose, Wânia e sua filha Ana Júlia. Caminhamos da entrada do parque até o Morro do Cachorro, um mirante natural. O passeio de hora e meia proporciona uma visão maravilhosa de Ouro Preto e Mariana, dos mares de morro, do cerrado e da pedra e o menino (Itacolomi em tupi-guarani, segundo Wânia). Cada parada na subida proporcionava um ponto de vista diferente e uma novas possibilidades de reflexão.
Para avistar o Pico subimos cerca de 1700 metros, sendo que os primeiros 700 metros subimos de carro. Lá de cima ficamos imaginando por onde passaram os mais opulentos veios de ouro perseguidos pelos bandeirantes no século XVII. Mas o que verdadeiramente interessava, principalmente à mim e à Rose, era onde haviam nascentes nas quais pudéssemos nos refrescar. A temperatura no Parque ontem beirava os 25 graus.
Na parte baixa, a Reserva Florestal do Manso, visitamos a Biblioteca e o Museu do Chá. Nesse ponto o parque já foi cenário de grande plantações de Chá da Índia, principal produto da economia ouro-pretana até 1940.
Visitamos ainda a Casa Bandeirista, um marco da arquitetura bandeirante do século XVIII. Lá dentro conferimos banquinhos de pedra às margens das janelas, paredes e pisos tricentenários e um gigantesco mapa de Minas do século XVIII. O mapa é lindo e a um toque no painel interativo podemos ver se iluminar o percurso de naturalistas como Saint Hilarie e Spix e von Martius.
Almoçamos no restaurante do Tião, que fica próximo à área de camping do parque. A comida boa e barata deixou todo mundo meio sonolento e feliz com o passeio. Salada, angu, carne cozida com batatas, frango frito,arroz e feijão batido. Tudo isso servido em panela de pedra. Manjar dos deuses depois da longa caminha que fizemos.
Eu, que não conhecia Ouro Preto por preguiça das ladeiras e do calor, tive Wânia como guia numa tur instantânea pelo centro histórico. Da janela do carro, gozando do ar-condicionado, vi pela primeira vez o que as meninas já conheciam de longa data: as fachadas das Igrejas do Pilar, Igreja de São Francisco, Casa dos Contos, Museu de Mineralogia, Museu da Inconfidência, Museu de Ouro Preto, Igreja de São Jose da Torre Única (rsrsrs), Igreja de Nossa Senhora dos Rosários dos Homens Negros e Bons de Padre Faria (ufa!) e outras que não deu tempo de saber o nome porque um motorista na retaguarda reclamou da velocidade.
Visitamos ainda o Horto dos Contos. Declinei do passeio completo e assisti do alto minha amigas descerem o trajeto todo. O Parque Horto dos Contos é uma intervenção urbana do Programa Monumenta/Iphan no centro de Ouro Preto. No local havia antes o Horto Botânico de Vila Rica (É por isso que as pedras parecem velhas, Wânia!), criado por ordem régia no século XVIII. O Horto fica entre a Igreja do Pilar, a Casa dos Contos e a Rodoviária e tem 360 mil metros, motivo pelo qual desisti da caminhada.
Dizem que lá há mais de 80 espécies botânicas, entre árvores frutíferas, como a pitangueira e a figueira, e outras de grande porte, como o cedro e jatobá. Como eu fiquei cochilando num dos mirantes só posso dizer que amei a ventania, o cheiro de floresta e a sombra.
Wania, Rose e Ana viram placas educativas que apontam as espécies florestais, identificam os monumentos presentes na vista de cada mirante, mostram os percursos mais curtos e aqueles acessíveis a deficientes físicos, além de transmitirem mensagens em prol da preservação do meio-ambiente.
Depois do Horto tomamos um cafezinho na rodoviária e deleitamos a volta para Belo Horizonte desfrutando as placas da Estrada Real, ao som de Afonsinho e Paula Fernandes. Ana, que não é de ferro, apagou no colo da Rose e nós ficamos trocando confidências, curtindo a paisagem da estrada e agradecendo a Deus pela bençãos de sermos mineiras cheias de natureza, criatividade e história.
Norma de Souza Lopes