Sinto-me patética aos quarenta anos. E uso a palavra patética já pensando em como ela é típica de um sujeito de quarenta anos. Continuar ouvindo as mesmas músicas dos anos oitenta, vibrando com filmes estrangeiros ou levantando essa bandeiras desgastadas em favor da cultural nacional, de uma certa política nacional.
Com quarenta não se pode contar com as mornas convicções conservadoras de um sexagenário. Pouco vê-se também quarentões com a gana feroz dos jovens de vinte anos que estão por aí, inventando novos designs para o mundo, lançando sobre ele suas lentes de ironia.
Não dá para fincar bandeira no passado e fingir que a vida só existiu ali. É preciso flanar sobre o presente. Mas o presente não está para peixe. Ele é o meu exílio.
Com quarenta não se pode contar com as mornas convicções conservadoras de um sexagenário. Pouco vê-se também quarentões com a gana feroz dos jovens de vinte anos que estão por aí, inventando novos designs para o mundo, lançando sobre ele suas lentes de ironia.
Não dá para fincar bandeira no passado e fingir que a vida só existiu ali. É preciso flanar sobre o presente. Mas o presente não está para peixe. Ele é o meu exílio.
Desterrada de um lugar que pudesse me fornecer um código mínimo de identidade, pouco a vontade para abraçar convicções ou sair por aí inventando mapas restou-me fazer poesia. Poesia órfã, híbrida, pobre de referências. Poesia frankenstein.
E é isso. E é uma pena que escrever isso não faça com que eu me sinta menos patética aos quarenta.
NSL
31/07/14
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