sexta-feira, 25 de julho de 2014

Eu tinha 17 quando o vi em um bar jogando sinuca. Geralmente tomávamos pinga com groselha mas ele convidou para uma partida e pagou cerveja. Era sexta, dia de matar aula e beber. Tinha um Gol zerinho e me levou para casa nele. Foi a primeira vez que andei em um carro novo. Aos poucos fui descobrindo coisas sobre ele. Devoto de São Sebastião, bem sucedido na industria de divisórias de alumínio e dezessete anos mais velho que eu.
Fiz o tipo difícil. O que me rendeu jantares caríssimos, viagens à praia, guarda roupa novo e um noivado com direito a presença da família de Três Pontas. Quatro meses depois do noivado descobri que ele era casado e tinha duas filhas. Quis terminar. Não terminei. Nadei com suas filhas no clube da comunidade sem que elas soubessem. Ele me disse depois que elas haviam falado sobre mim como a "a moça caolha que não saia da cola". Um dia encontramos sua mulher. Ela apontava para mim e gritava: "Podia ser sua filha! Podia ser sua filha!" Ele separou-se às vésperas do meu aniversário de 18 anos. Comprou e mobilou uma casa e decidiu que era lá que iríamos morar, sem casamento mesmo. Isso até eu resolver deixá-lo e voltar para um ex-namorado que jurava amar. No dia da despedida ele estava tão aniquilado que prometeu nunca mais pisar em lugares que estivemos juntos. Me despedi e parti feliz para aquela que seria a relação mais violenta da minha vida. 

NSL
25/07/14

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