sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

REJEIÇÃO


Magno era seu nome.  Tinha nome e pose de imperador. 
Vaidade era seu segundo nome. 
Um pavão. 
Seu expertise flutuava no vácuo. Mesmo sendo perfeccionista só produzia quando seu trabalho fosse evidenciar a incompetência ou incompletude dos outros. 
A energia vibrante de suas sacadas, a  linguagem muito bem amarrada e a capacidade de traduzir em palavras qualquer cultura ou circunstância obscura do ambiente em que circulava era usada unicamente para satisfazer seu um narcisismo arraigado. Extraía benefícios práticos e emocionais de todos a sua volta, muito em função de seu egoísmo. 
Gostava de estar rodeado de pessoas. No seu habitat sempre havia risadas e alegria. Parecia alegre. Se elogiava e se enaltecia em toda frase que dizia. Mas observando atentamente percebia-se que no fundo tinha um péssimo juízo de si mesmo. 
Era indisciplinado, intolerante com as contrariedades e as dores da vida mas gastava toda sua energia para dissimular sua tristeza, suas fraquezas e suas falhas de caráter. Nas situações de conflito é que sua verdadeira personalidade surgia. Ficava descontrolado, trêmulo, agressivo e esmagava com crueldade o adversário .  
A principio sua luminescência fez com que Sônia o amasse. Se sentia  impressionada com todo aquela força e poder. Só conseguia ver o brilho. Felizmente ele não era muito afeito a relacionamentos e não correspondeu às investidas de Sônia. A verdade é que ele era incapaz de amar. Mas morria de inveja daqueles que eram. Amar para ele era muito perigoso. Evitava a qualquer custo as prováveis dores psíquicas do amor. 
Aos poucos Sônia foi juntando as pontas da malha de sua personalidade. Soube que ele, no passado, tivera relacionamentos em que era profundamente ciumento. Talvez por reconhecer sua falta de qualidades para ser amado.
Sônia foi tirando conclusões. A rejeição gerou um certo despeito. Ela tinha que separar isso para ter impressões reais e desinvestir emocionalmente.Seguiu observando. Por fim soube que tinha ganhado. Se aquela relação tivesse vingado  representaria um grave risco psicológico. Teria esmagado sua autoconfiança recém conquistada.
Ficou sozinha e feliz.

Norma de Souza Lopes

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