quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


(Con)fluir

Ainda que às vezes eu anseie 
navegar águas indomadas
não me apetece
desafiar a efemeridade do poder




Por medo, covardia ou preguiça
tenho escolhido a ordem
e a calma rotineira da subordinação
(não sem  nutrir alguns pensamentos insubmissos)





O gozo efêmero do poder 
não é poderoso o bastante
a ponto de me fazer esquecer
o caráter ilusório de seu prestígio



Me repugna a imposição da vontade
estimo antes a influência sutil e o convencimento 
mas suave ao amigos
mais branda aos adversários



Norma de Souza Lopes

Um comentário:

  1. Você me fez viajar em palavras longínquas, tão belas quanto esse seu poema inquieto, Norma.

    "Me pediram pra deixar de lado toda a tristeza
    Pra só trazer alegria e não falar de pobreza.
    E mais:
    Prometeram que seu cantasse feliz, agradava com certeza.
    Eu, que não posso enganar,
    Misturo tudo o que vi.
    Canto sem competidor, partindo da natureza do lugar onde nasci.
    Faço versos com clareza:
    A rima, belo e tristeza
    Não separo dor de amor.
    Deixo claro que a firmeza do meu canto
    Vem da certeza que tenho
    De que o poder que cresce sobre a pobreza
    E faz dos fracos riqueza
    Foi que me fez cantador."

    Meu abraço. Paz e bem.

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