Meditação de Férias ou férias da meditação
Há alguns meses tenho tentando meditar. Tive sucesso nessa tarefa enquanto estava trabalhando. Uma musiquinha de relaxamento, a luz fraca das cinco da manhã, penetrando nos vidros azuis da minha sala me ajudaram a suportar dias tenebrosos de labuta. No entanto sempre ficava aquele gostinho de quero mais. Pensava que quando minhas férias chegassem meditaria todo dia, por muitas horas.
Não é isso que aconteceu.
Assim que anuncio que minha mente deve acalentar-se inicia-se o desfile. Uma gigantesca cadeia de pensamentos passam diante de mim. Me lembro da descrição de Liz Gilbert em Comer, Rezar Amar e a certeza de que não sou a única me consola.
Veja:
"Como a maioria dos humanóides, tenho o fardo a que os budistas chamam mente de macaco - os pensamentos que passam de ramo em ramo, parando apenas para se coçar, cuspir e gritar. A minha mente oscila entre o passado distante e o futuro incognoscível, aflorando dezenas de ideias por minuto, desembestada e indisciplinada. Isto em si mesmo não é necessariamente um problema, o problema é a ligação emocional que acompanha o pensamento. Os pensamentos felizes, fazem-me feliz, mas com rapidez passo outra vez à preocupação obsessiva e ao mau humor; e depois vem a recordação de um momento de raiva e começo a ficar irritada e aborrecida outra vez; depois, a minha mente decide que talvez seja boa altura para começar a sentir pena de si mesma e a solidão depressa aparece."
Preciso lutar muito para que minhas meditações não tenha o fim descrito por Elizabeth. Venho pesquisando para aprender a conter os tais macacos. Li outro dia num site de gnose que podemos parar os pensamento dando um exercício insolúvel para a mente.
Que tal imaginar que a beira de um abismo há uma arvore e que essa árvore lançou para fora do paredão uma enorme raíz. Se quiser ocupar sua mente basta informá-la que há um homem pendurado nessa raiz e que é preciso achar uma forma de tirá-lo de lá.
O curioso é que esse exercício, ao invés de domar minha mente, me faz rir tanto que acabo tendo que renunciar à meditação. O que acontece é que eu não aceito a proposta de "insolúvel" descritas pelos gnósticos. Eu me vejo às bordas do abismo, empunhando uma corda para salvar o tal homem. Me pego conduzindo um helicóptero para resgatar o dependurado. Só que "eu", essa pessoa que medita, não deveria estar lá. Eu deveria estar fazendo aquilo que venho tentando desde sempre: meditar.
Como esse meu mar não está para peixe vou fazer o que todo mundo faz quando está de férias em casa, sem posssibilidade de viajar. Vou comer, ver belos filmes, ler, escrever e dormir. Minha mente já está de férias
Deixo a meditação para quando realmente precisar dela. Na volta ao meu enlouquecedor mundo do trabalho.
Norma de Souza Lopes
Há alguns meses tenho tentando meditar. Tive sucesso nessa tarefa enquanto estava trabalhando. Uma musiquinha de relaxamento, a luz fraca das cinco da manhã, penetrando nos vidros azuis da minha sala me ajudaram a suportar dias tenebrosos de labuta. No entanto sempre ficava aquele gostinho de quero mais. Pensava que quando minhas férias chegassem meditaria todo dia, por muitas horas.
Não é isso que aconteceu.
Assim que anuncio que minha mente deve acalentar-se inicia-se o desfile. Uma gigantesca cadeia de pensamentos passam diante de mim. Me lembro da descrição de Liz Gilbert em Comer, Rezar Amar e a certeza de que não sou a única me consola.
Veja:
"Como a maioria dos humanóides, tenho o fardo a que os budistas chamam mente de macaco - os pensamentos que passam de ramo em ramo, parando apenas para se coçar, cuspir e gritar. A minha mente oscila entre o passado distante e o futuro incognoscível, aflorando dezenas de ideias por minuto, desembestada e indisciplinada. Isto em si mesmo não é necessariamente um problema, o problema é a ligação emocional que acompanha o pensamento. Os pensamentos felizes, fazem-me feliz, mas com rapidez passo outra vez à preocupação obsessiva e ao mau humor; e depois vem a recordação de um momento de raiva e começo a ficar irritada e aborrecida outra vez; depois, a minha mente decide que talvez seja boa altura para começar a sentir pena de si mesma e a solidão depressa aparece."
Preciso lutar muito para que minhas meditações não tenha o fim descrito por Elizabeth. Venho pesquisando para aprender a conter os tais macacos. Li outro dia num site de gnose que podemos parar os pensamento dando um exercício insolúvel para a mente.
Que tal imaginar que a beira de um abismo há uma arvore e que essa árvore lançou para fora do paredão uma enorme raíz. Se quiser ocupar sua mente basta informá-la que há um homem pendurado nessa raiz e que é preciso achar uma forma de tirá-lo de lá.
O curioso é que esse exercício, ao invés de domar minha mente, me faz rir tanto que acabo tendo que renunciar à meditação. O que acontece é que eu não aceito a proposta de "insolúvel" descritas pelos gnósticos. Eu me vejo às bordas do abismo, empunhando uma corda para salvar o tal homem. Me pego conduzindo um helicóptero para resgatar o dependurado. Só que "eu", essa pessoa que medita, não deveria estar lá. Eu deveria estar fazendo aquilo que venho tentando desde sempre: meditar.
Como esse meu mar não está para peixe vou fazer o que todo mundo faz quando está de férias em casa, sem posssibilidade de viajar. Vou comer, ver belos filmes, ler, escrever e dormir. Minha mente já está de férias
Deixo a meditação para quando realmente precisar dela. Na volta ao meu enlouquecedor mundo do trabalho.
Norma de Souza Lopes
Nenhum comentário:
Postar um comentário