De férias
Agora que estou de férias experimento essa gana de escrever. Sinto um prazer indizível em escrever tudo que me vem a cabeça. Contudo esse prazer, assim como um passeio de compras, se esvazia logo que concluo o texto.
Então sou invadida pelo desejo de saber se alguém leu, se gostou. Fico observando as estatísticas e imaginando quem estaria por traz daquele pequeno número de visualizações. Será que leram realmente?
A pergunta procede porque eu mesma abro inúmeras páginas de blogs e as fecho indiscriminadamente quando não encontro o que quero. No entanto pensar que alguém faz isso com minhas escrituras me aflige.
Um pensamento me ocorre nessas ocasiões: "Vale a pena escrever. Já há tantos escritores por aí. Será que haverá leitores para tanta literatura que as editoras, a NET e os blogs estão lançando nos espaços e ciberespaços? Ainda me cabe nesse universo?"
Já disse em poesia que escrevo para arrancar das mãos da morte a possibilidade de que me esqueçam, mas não me iludo. Minha obra precisa ser notável para ser indelével.
Não que a escrita me sirva apenas a interesses narcisícos. Existe também uma função terapêutica em tudo que escrevo. Uso transgredir minha realidade jogando com palavras e imagens poéticas. É a minha maneira de redesenhar medos, tristezas e alegrias cotidianas.
Não obstante posso concluir que desejaria ver minhas escrituras pagando para que eu estivesse sempre de férias, escrevendo...
Norma de Souza Lopes
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