Que eu não me esqueça, no meio da chama, de que sou também a guardiã do fogo.
Que o desejo me aqueça, mas não me queime.
Que a paixão me ilumine, mas não me cegue.
Que eu celebre cada gesto de ternura,
sem esquecer de olhar para as raízes.
Que eu receba com alegria o que me é dado,
mas que eu não me perca na espera do que ainda não chegou.
Que eu reconheça a beleza deste encontro,
como se reconhece a beleza de uma flor rara: com encantamento, sim,
mas também com o cuidado de quem rega todos os dias,
sem pressa de vê-la desabrochar.
Que eu saiba ouvir as palavras doces,
mas que eu preste atenção aos silêncios.
Que o amor que eu ofereço volte para mim em dobro:
não apenas nas promessas,
mas nas escolhas diárias.
Que eu não diminua meu brilho para caber no sonho de ninguém,
mas que eu encontre quem escolha caminhar ao lado da minha luz.
E que, se este for o amor que merece morada,
ele permaneça — não porque eu o prenda,
mas porque ele queira ficar.
Assim seja.