terça-feira, 8 de abril de 2025

condensação

febre no pijama
desnorte
(quem podia imaginar?)
teu nome tatuado 
no pulso da minha sede

mordida de fruto vivo
caroço em labareda
pico, abismo, 
tua boca que puxa 
como maré — sem aviso

deslizo:
sou o carro-luz
furando o escuro das tuas coxas
queimando as faixas da cidade

não rezo
engulo, mastigo
minha língua, tua oração pagã

te imagino: pequena, vulcão de bolso
implosão portátil
teus “sim” pingando no terço sujo dos meus dedos

febril
encharcada
estilhaço de tua fome atravessando minha pele

não durmo
arquitetando teu corpo no escuro

coleciono teu gozo
como quem rouba mapas de tesouro
e queima as rotas depois

te penso
e o mundo evapora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário