não é mais carne que se aproxima
é corte —
com rugas de cetim e dentes de açúcar
carrego um deserto em meus ouvidos
e elas vêm
com orações rotas
conchas quebradas
e uma pressa de se espelhar no que não fui
convidam
para encenar o pacto
os olhos cheios de nódulos
libido em mutação
gestos à míngua —
dançam em torno da fogueira do não dito
a língua enrolada no próprio umbigo
estou só
nem por isso exijo resgate
subo o galho mais torto da árvore
e faço dele meu altar
respiro entre líquens
acendo fósforos em minha própria boca.
desaprendi a gramática dos pedidos
inabitável
para quem só conhece o mapa
das carências urgentes
gozo negar a repetição
tranco a casa e a alma
os pés sujos do afeto doente
já não amo como quem implora
agora
acendo velas para deuses que não existem
e invento
a minha
liturgia
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