Se eu resenhasse tudo que leio não sobrava tempo nem para comer.
Resposta vaga, não é?
Bom então ai vai algo mais consistente.
Ensinei meus irmãos a gostar de livros e agora tento ensinar meus filhos de um jeito bem peculiar. Pego o livro ou cito-o em uma conversa. Começo falando sobre algo que me intrigou, um efeito inusitado que a leitura me tenha provocado. Falo isso em tom de segredo, como se aquilo não pudesse ser dito em voz alta ou fosse algo que apenas eu sei. Assim como essas citações orais, minhas resenhas escritas tem o mesmo tom.
Não há quem não se sinta curioso diante de segredos. Invariavelmente meu interlocutor vai buscar o tal segredo no livro. Talvez ele não resista às primeiras páginas de leitura, por que a curiosidade é menor que o esforço de leitura. Mas quando ele consegue, volta me contanto outros segredos, coisas que descobriu sozinho, sem minhas sugestões. E isso é fantástico. Vale o trabalho de qualquer resenha.
Levar uma pessoa a ler não é algo que ganhei na profissão de professora, como eu já disse eu já fazia isso antes, nos idos da década de oitenta, quando eu e meus irmãos atravessávamos o bairro Mantiqueira para ir até a biblioteca ambulante do SESC. Mas só agora compreendo por que sempre fiz isso.
Desde pequena me admirava com o que os livros faziam comigo. Me faziam ver onde eu estava e onde poderia chegar. Cedo descobri que o que valia era SER HUMANO, com tudo o que isso implica. Gerou em mim uma crença no poder absoluto da literatura para formar seres humanos.
E é por isso que venho tentando apresentar as pessoas aos livros e a sedução que eles representam.
Quanto aos meus irmãos e filhos a coisa vem funcionando bem. Suponho que aqui no blog/facebook também. 80% dos 241 amigos com quem compartilho informações foram ou são meus alunos. Como professora tenho essa tarefa de formar leitores. Se 20% deles se deixarem convencer estamos aí com uns vinte leitores formados. Isso somado ao grande números de amigos leitores que tenho deve elevar umas dezenas nesse número. Parece ser pouco mas, para quem estava tentando alcançar umas cinco pessoas, estou fazendo muito.
E se minhas convicções acerca da literatura estiverem certas, acho que estou fazendo o mundo um pouco melhor.
Norma de Souza Lopes
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