sábado, 20 de agosto de 2011

Sobre a tristeza

Me bandeei hoje para os lados do Blog do Cacá e lá pude ler um belissimo texto acerca da tristeza e da alegria.
Refleti e comentei o que acho ser uma grande perda para nós, os pós-modernos. Nos tempos idos do amor romântico, do mal do século e de outras melancolias o individuo ganhava tempo para o luto,  para a dor e a introspecção que a realidade humana merece.
Hoje é tudo uma festa só. A euforia tem que ser evidente na cara do sujeito. Tristeza precisa ser escondida as custa de titulo de doença (depressão) ou combatida à força de remédio. Vivemos uma esquizofrenia coletiva na qual é preciso acreditar que tudo é e será sempre perfeito, que temos escolha, que o destino não existe e que controlamos a felicidade.
Eu, que ando fugindo dos grupos e dos consensos euforicos, me nomeei presidente do Partido da Solidão e sigo curtindo minhas tristezas. Elas me lapidam, me fortalecem e me mostram quem eu sou verdadeiramente - um ser livre, triste e feliz. Apesar da tristeza de me reconhecer a beira do abismo, da incerteza, do acaso e da mortalidade, posso fazer escolhas virtuosas.
E, se no interlúdio de fazer-me, eu acabar tendo coragem para atos heróicos que deem mais significado a minha vida, estarei sendo feliz assim, a despeito de minha conciência acerca das tristezas da vida.
Apesar de minha tristeza atávica.

Norma de Souza Lopes

Um comentário:

  1. Oi, Norma. Obrigado pela referência. E hoje eu acabei falando sobre esse outro lado (obscuro ) da busca da felicidade (os remédios milagrosos). Já que o homem, preferindo não nomear, conhecer e desvendar sua própria falta, mascara com o que estiver mais à mãos, sem muito esforço. Abração. Paz e bem.

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