Bom, pensei em um formato ideal para uma crônica e ficou mais ou menos assim:
Pense em um fato do cotidiano, pode ser a politica, o contexto mundial, o ambiente familiar etc. Uma crônica ( de Cronos, o Deus do tempo) está sempre ligada ao cotidiano. Observe essa minha crônica chamada "Conversa de miúdo".
A mãe na pia, lavando aquela montanha de louça depois da bacalhoada e o miúdo sai com essa.
Observe que a narrativa é informal e intimista, uma conversa íntima entre ma~e e filho. Pode haver até a presença de diálogo:
_ Mãe, hoje tem escola?
_ Você quer dizer aula. Não filho, hoje é domingo de Páscoa.
_ Ah! Queria ir na escola hoje.
_ Você quer dizer aula. Não filho, hoje é domingo de Páscoa.
_ Ah! Queria ir na escola hoje.
Observe a presença da oralidade em "Mãe, hoje tem escola?". Em uma crônica a fala coloquial pode aparecer. Na linguagem padrão o verbo ter não deve ser usado no lugar do verbo haver, mas isso é comum na linguagem coloquial.
O fato aqui - uma conversa entre mãe e filho é um pretexto para que o autor exerça sua criatividade, ou comunicar uma angústia. Nesse caso expressei um inconformismo com algumas escolas mostrando a alegria de uma criança com sua escola. Uma crônica pode apresentar um certo lirismo, ou seja, uma linguagem com tom poético. Sinta a poesia e a leveza nesse conversa.
A mãe se vira e lança um olhar curioso para o filho.
_ Minha professora contou que a páscoa não é só o ovo de chocolate. Ele contou de Moisés, e de Jesus também. Sabia que ele ressuscitou, mãe?
_ Sabia, filho.
_ Mãe, você achou bonita a ovelha que eu pintei?
_ Achei linda, filho.
_ Minha professora contou que a páscoa não é só o ovo de chocolate. Ele contou de Moisés, e de Jesus também. Sabia que ele ressuscitou, mãe?
_ Sabia, filho.
_ Mãe, você achou bonita a ovelha que eu pintei?
_ Achei linda, filho.
_ A professora deu um bombom junto. Todos na escola ganharam. Você acha que a escola gosta da gente, mãe?
_ A escola são as pessoas que trabalham nela filho, suas professoras, os funcionários, a direção. São eles que gostam de você.
_ Minha professora gosta de mim. Ela brinca comigo, e até está me ensinando a ler, né mãe?
( observe novamente o uso coloquial do "contou de Moisés" "a gente" e o né no lugar de "não é, mãe?"
_ Todos gostam, filho. As pessoas que trabalham na sua escola escolheram isso porque gostam de criança e gostam de ensinar.
_ Tem criança que estraga a própria escola, mãe. Eu não faço isso nunca. Acho minha escola linda.
Diz coisa séria por meio de uma aparente conversa fiada.
_ Nem todas as escolas são como a sua, meu pequeno. Há lugares em que as pessoas pensam diferente, acham que escola são pequenas fábricas de construir aprendizes. Se esquecem de presentear e de brincar por acham que isso não é importante.
_ Ainda bem que minha escola é não é assim, né mãe.
_ Ainda bem filho.
_ Ainda bem filho.
Uma crônica deve ter natureza ensaistica, ou seja ser breve, fazer criticas de maneira leve, expor idéias e reflexões filosofica a cerca de um determinado tema.
Uma crônica deve ainda ser falar um fato moderno, sujeito a transformação e a fugacidade da vida moderna. Lendo a crônica acima sabemos que o que ela relata é transitório, que qualquer evento poderia mudar os rumos dessa conversa, até mesmo o tcar da campanhia. A sensibilidade no contato com a realidade sem falar muito, em forma de sintese dá o recado de uma crônica.
Norma de Souza Lopes
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