sexta-feira, 12 de agosto de 2011

FOTOGRAFIA

Me perguntam porque eu, um ator tupiniquim de tanta monta, voltei a pátria. Declaro  aqui a razão.Me expresso em prosa porque me cansa a poesia doída. Minha dor cabe mais em prosa. 
O que me dói?
Dói é saber que meu elo entre ela e a terra das oportunidades foi rompido. Não eram minhas.
Ela não era minha. A terra não era minha. E não era minha a fada de cabelos vermelhos, a princesa que por seis anos chamei de filha, pagiei como pai.
Pena os filhos não serem fruto de dois ventres. Poupava esse padecimento proibido de quem ama o que achava filho da carne.
Não pude ficar. Me faltava o bálsamo curativo das areias daqui. Ansiava espumas salgadas nos vãos dos dedos de meus pés cansados.
Com o Tio Sam deixei carreira, mulher, filha e sucesso. 
Construto simulacro da felicidade.  

Norma de Souza Lopes

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