sábado, 3 de junho de 2023

 Mês passado estive em uma atividade místico-imersiva com o Igor Guimarães, regada a músicas mântricas, xamânicas, canções relacionadas do candomblé, á natureza, new age e até uns sambas . No ponto alto do rolê tive uma percepção. Vi o Igor circulando, conectando e orquestrando os fluxos e pensei, é um DJ bruxão.  

Me senti imensa, plena e feliz por estar ali e por ter me aberto para ser tocada daquela maneira. 

Escrevo isso aqui porque venho pensando muito em música. Herdei mais de trezentos CDS de meu irmão, que faleceu ano passado e cada um deles me lembra uma fase do Wotan, Manter estes CD’s e ouví-los de vez enquanto me gera sentimentos muito bons de lembrança e gratidão.

Mas tudo isso, neste grupo, é apenas um preâmbulo para dizer uma coisa bem boiola: amo a discotecagem da Fê. Ela me comove sobremaneira. Isso aqui era para ser um poema falando mas entendi que só a prosa iria alcançar a potência do que eu quero declarar, nos afetos envolvidos no trabalho de DJ que eu quero citar.

Um DJ, e a Fernanda em especial, nos lança uma música, produz um fluxo e nos convoca a ouvir, sentir e dançar. Tem fluxo de rio, de chuva, de tempestade. Ela tem aquele jeito de olhar o público, dobrar a cabeça sobre o fone, dedilhar as teclas como um leme no temporal. O som ganha vida, conversa conosco e a pista de dança que se acende. As batidas, os pulsos elétricos se estendem como feitiço sobre a gente. Faz relâmpagos de notas ecoarem no corpo , e os batimentos cardíacos respondem, ondas sísmicas e alquimia sonora. 

Ela circula, conversa e volta. Se você é de dança, se dá vazão para essas ondas, vai rodopiar hipnotizado. Ou vai parar um segundo olhando pro ar, vai vibrar aquelas palavras, aquelas notas. E tem aquele momento em que ela apresenta músicas novas, que passam a incorporar nosso repertório sonoro. 

Ontem eu estava no samba com a Carol e senti a diferença do fluxo. Todos dois manipulam nossas emoções, mas nós, da Mulherada linda, já estamos conectadas com algumas melodias, com uma frequência que a Fé produz e que agencia nossos afetos. 

Bom, fim da boiolagem Fê, fim da rasgação de seda mulherada. Amo ter vocês para encontrar, para fluir, para compartilhar essa experiência.

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