Estive ontem na defesa de tese de Leiner Hoki. Aprendi com ela que os espaços perdidos dos manuscritos antigos são descritos pelos historiadores com colchetes. Sua tese fala sobre histórias não contadas das tríbades, safistas, lésbicas e sapatãs. Por quase uma hora ela, dentre outras coisas, apresentou registros poéticos e artísticos, num esforço de corrigir a invizibilização e o apagamento da história dessas mulheres. Fez isto como uma riqueza de detalhes excepcional, e eu vi diante de mim serem preenchidos algumas lacunas da história lésbica. Durante sua fala passei um bom tempo pensando em como os colchetes se aproximam do imaginário feminino. Nas roupas femininas mulheres, naquela suas formas de grandes lábios e até mesmo nessa capacidade intuitiva de algumas mulheres tem de completar o intangível. Os colchetes foram uma escolha simbólica muito interessante.
Sempre que eu conto histórias ou escrevo poesia digo "mulher" sabendo que ergo uma parede e um muro. É preciso que exista uma mulher simbólica para que lutemos contra o seu esmagamento mas também e preciso implodir o imaginário que encarcera as miríades de mulheres que existem no mundo.A tese de Leiner caminha nessas duas direções.
Recomendo a leitura da tese de Leiner Hoki. Assim que estiver disponível virtualmente disponibilizo aqui.
Instigante esse relato, amiga. Quero muito ler a tese. Só não entendi a questão dos colchetes. Quero dizer, a simbologia da imagem dos colchetes com o universo feminino ficou clara. Só não entendi como os historiadores usam os colchetes. Seria na hora de fazer referência ao manuscrito?
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