guardo uma impressão confusa
acerca de seus contínuos regressos
na casa em ruínas objetos esquecidos
sobre móveis empoeirados
esperam por você
como se não soubessem
que só retornarias
para dar cabo à demolição
que iniciastes antes de partir
me seduzistes com esse sorriso
que usam os que estão acostumados
a ganhar sempre
e eu, mariposa suicida
comi o pão de todas as ideias
e bebi o sangue derramado por elas
até compreender que és
um mercador de mentirastu me dizia
"beba a dor que te sirvo
lágrimas são fáceis de engolir"
e eu te obedecia
estou pronta para sacrificar este amor
ou qualquer que seja o nome deste mal
não seguiremos juntos o curso do rio
és incapaz de me suster em seu coração
sou muito afeita aos escândalos
mas sacar como arma
minha antigas cartas
afim de evocar o amor
é um esforço patético
nenhuma célula
de quem escreveu
vive em mim
veja que sou uma orquídea
nascida das feridas que você plantou
é chegado o dia de esmagar
o espelho que tenho sido
até imolar sua memória
fechar meu peito a sete selos
e vingar-te com meus dedos
Nenhum comentário:
Postar um comentário