terça-feira, 7 de setembro de 2010

Psicanálise


Que conselheiro pode ser meu senhor,
se na viagem que travei 
foste espectador?
Por acaso sentiu meu temor, ou minha dor?

Como voyeur de meus medos, desejos e vontades
foste comigo um?
Sopraste meu espírito?

Deixa que eu tema a Deus, meu senhor
esse temor eu trago do ventre de minha mãe.
Quero achar resposta
se  Deus  for meu Dono
não será tu a negá-lo, meu senhor. 

Sabe como temo a Deus
se ele me tira o ar, a voz, a vida
acaso tu, meu senhor, 
respirará, falará, viverá por mim?

Temo também a ti, meu senhor
um jardineiro feroz
arranca de mim o daninho.
E se arrancares o mal 
aquele que quero ser, meu senhor?
Aquele que quero ter?

Desconfio de ti,  meu senhor
já limpaste teu jardim, 
gostas de dama-da-noite?


Na beleza do meu jardim
a maria-sem-vergonha
teima em achar vida
por entre pedras e pernas
e o louva-a-deus
eu amo seu trino

Quem és tu, meu senhor?
Senhor?


Norma de Souza Lopes

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