"não escreve mais poesia?"
você pergunta
eu não respondo nada
estou cansada
desse versos requentados
sujos, amarelados
carregados pelo vento
jornal de ontem
exausta com este tempo
em que qualquer vigarista
inventa verdades
tantas eras
e este pêndulo de déspotas
a atrasar a democracia
(e nem era democracia, o fluxo
que eu queria
ainda não tem nome)
sei que tinha dito
"não vale a pena"
" não há nada a dizer"
mas há um sinal
de nascença em minha lingua
uma esperança obscena
abrir as portas
e mover o mundo
Como sempre, suas palavras são pura potência. Mesmo com o ar de cansaço, mesmo com a desesperança, há uma brasa aí nos seus versos que nos inflama. E me sinto falando junto com você: "...o fluxo / que eu queria / ainda não tem nome"...
ResponderExcluirMagnífico!
Sempre que eu entro neste blog, dá uma enorme saudade. E também a saudade me faz entrar aqui, sempre pra conferir se você tem novos poemas, que sempre são formas de virar minha cabeça do avesso.
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