sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 Em 2007, por ocasião de uma grave crise mental, eu fantasiava a implosão de todos os prédios escolares. No fundo do meu desespero eu queria começar do zero, fazer outra escola, outra educação.

Estranhamente o Corona vírus parece ter operado essa implosão. O espaço escolar, seu formato, suas tecnologias não atendem mais nem seu objetivo educativo primeiro nem os tangenciais, que é o de ser uns dos únicos  aparelhos que leva uma certa assistência social onde o estado não chega. Ele precisa deixar de ser o que é.

No entanto quase ninguém, a começar pelas agências governamentais, consegue começar do zero. Fazer outra escola. 

A minha fantasia era pensar que derrubando os prédios derrubaríamos seus dispositivos de exclusão. Eles não são de concreto. Eles estão erguidos discursivamente dentro de nós com a dureza do concreto.

É preciso muita força para não enlouquecer de novo. Aqui, imóvel diante da marcha da morte, da epidemia invisível da fome,  incapaz de pensar algo novo, que interrompa o PROJETO hegemônico  de exploração que avança irreprimível sobre o mundo. 

De novo esse medo de ter me enganado em acreditar na força da educação.

2 comentários:

  1. Amiga, você não se enganou. A educação, a arte, a cultura, são forças poderosas. Estou contigo.
    Sabe, quando eu comecei a fantasiar cortar o meu pescoço na frente do meu chefe, o que me salvou foi poder ler mangás e romances históricos. Ah, e assistir animes também. Eu só pude ter acesso a isso por causa da educação.
    Estamos juntos, amiga.

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