_minha cara
quero pedir-te uma coisa
não se mate de novo
[como é o seu costume]
_ e o que faço com a cobra
que morde minha nuca
e sussurra "és a pior de todas"?
_ o silêncio: é preciso ser forte
e cultivar o silêncio
esculpir sentimentos sem palavras
_ desde a visão daqueles homens
sem casa na calçada
um talho aberto no corpo da cidade
trago os olhos cristalizados pela dor
_ pois tente admirar
os pés de pássaros no quintal
o jardim secreto escondido na alma
_ lágrimas correm no meu rosto
tal qual sementes secas caindo
não me reconheço no espelho
_ caríssima, esqueceste de cuidar
que és sua melhor amiga
e chora diante do prato cheio
alimentando esta fome recorrente
_ amigo, posso me apoiar só por hoje
em vossa fé no mundo?
amanhã me levanto, eu juro
e faço sozinha a colheita
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