se hormônio
ou paixão
sei não
sei que sonhei a noite inteira
eu de lingerie vermelha
presa em sua teia
entregue a devassidão
na vigília do dia
nenhuma biologia
serenou o latejar
das entranhas
que sanha!
domingo, 31 de julho de 2016
sábado, 30 de julho de 2016
hodierno
cada dia menos palavras de desculpas
cada dia menos palavras
cada dia menos
cada dia
um dia
cada dia menos palavras
cada dia menos
cada dia
um dia
quarta-feira, 27 de julho de 2016
segunda-feira, 25 de julho de 2016
se duvidar
se você duvidar de meu lirismo prosaico
levo a palavra em praça pública amarrada pelo maxilar
rebento versos em louvor a desordem e se duvidar
escrevo estrofes que não valham nem para cadarços e se duvidar
desmascaro a falta de sentido de tsunamis, guerras, desemprego
e a distribuição injusta da riqueza e se duvidar
denuncio os gritos da barbárie escondidos sob
as paredes cinzas da avenida paulista e se duvidar
adio os simulacros de alegria só para assistir de camarote
levo a palavra em praça pública amarrada pelo maxilar
rebento versos em louvor a desordem e se duvidar
escrevo estrofes que não valham nem para cadarços e se duvidar
desmascaro a falta de sentido de tsunamis, guerras, desemprego
e a distribuição injusta da riqueza e se duvidar
denuncio os gritos da barbárie escondidos sob
as paredes cinzas da avenida paulista e se duvidar
adio os simulacros de alegria só para assistir de camarote
você caminhar de mãos dadas com a dúvida sem resposta
comum a todos os improdutivos filhos do medo
comum a todos os improdutivos filhos do medo
terça-feira, 12 de julho de 2016
notas de ressentimento
_minha cara
quero pedir-te uma coisa
não se mate de novo
[como é o seu costume]
_ e o que faço com a cobra
que morde minha nuca
e sussurra "és a pior de todas"?
_ o silêncio: é preciso ser forte
e cultivar o silêncio
esculpir sentimentos sem palavras
_ desde a visão daqueles homens
sem casa na calçada
um talho aberto no corpo da cidade
trago os olhos cristalizados pela dor
_ pois tente admirar
os pés de pássaros no quintal
o jardim secreto escondido na alma
_ lágrimas correm no meu rosto
tal qual sementes secas caindo
não me reconheço no espelho
_ caríssima, esqueceste de cuidar
que és sua melhor amiga
e chora diante do prato cheio
alimentando esta fome recorrente
_ amigo, posso me apoiar só por hoje
em vossa fé no mundo?
amanhã me levanto, eu juro
e faço sozinha a colheita
quero pedir-te uma coisa
não se mate de novo
[como é o seu costume]
_ e o que faço com a cobra
que morde minha nuca
e sussurra "és a pior de todas"?
_ o silêncio: é preciso ser forte
e cultivar o silêncio
esculpir sentimentos sem palavras
_ desde a visão daqueles homens
sem casa na calçada
um talho aberto no corpo da cidade
trago os olhos cristalizados pela dor
_ pois tente admirar
os pés de pássaros no quintal
o jardim secreto escondido na alma
_ lágrimas correm no meu rosto
tal qual sementes secas caindo
não me reconheço no espelho
_ caríssima, esqueceste de cuidar
que és sua melhor amiga
e chora diante do prato cheio
alimentando esta fome recorrente
_ amigo, posso me apoiar só por hoje
em vossa fé no mundo?
amanhã me levanto, eu juro
e faço sozinha a colheita
quinta-feira, 7 de julho de 2016
perdi a poesia
vejam só, era um poema
um velho saudoso elogia
uma colegial
sua pela clara
perfume de maçã
Ela lê um compendio de inglês
e molha o bolo no pingado
num café de periferia
ela não o nota
ele é invisível
como são os velhos
para as escolares
tão nostálgico
e eu só consegui pensar
"velho safado!"
inspirado no poema de António Manuel Couto Viana (1923 – 2010) in As escadas não têm degraus, nº4 (Cotovia, 1991)
um velho saudoso elogia
uma colegial
sua pela clara
perfume de maçã
Ela lê um compendio de inglês
e molha o bolo no pingado
num café de periferia
ela não o nota
ele é invisível
como são os velhos
para as escolares
tão nostálgico
e eu só consegui pensar
"velho safado!"
inspirado no poema de António Manuel Couto Viana (1923 – 2010) in As escadas não têm degraus, nº4 (Cotovia, 1991)
Um palácio de cera- Kishwar Naheed
traduzindo do espanhol de Ximena Londoño
Antes de me casar
minha mãe costumava
ter pesadelos.
Seus gritos de terror
me estremeciam.
Eu a despertava
para perguntar-:
“O que foi?”
Com os olhos em branco,
ela me olhava fixamente.
Não podia recordar seus sonhos.
Uma noite um pesadelo a despertou,
mas ela no proferiu nenhum grito.
Eu perguntei:
“O que foi?”
Me abraçou com força, com temor silencioso.
Abriu os olhos e deu graças aos céus.
“Sonhei que afogavas”, me disse,
“E eu me joguei ao rio para te salvar.”
Essa noite, um relâmpago
matou nosso búfalo e a meu noivo.
*
Então, uma noite, minha mãe adormeceu
e eu permaneci desperta
observando como abria e cerrava os punhos.
Tentando tomar posse de algo.
sem conseguir e tentando de novo.
Eu a acordei,
porém ela se recusou a contar-me o sonho.
Desde esse dia
não pude dormir tranquila.
E me mudei para outra casa.
Agora ambas gritamos
em nossos pesadelos.
E se alguém pergunta
simplemente dizemos
que não podemos recordar nosso sonhos
Antes de me casar
minha mãe costumava
ter pesadelos.
Seus gritos de terror
me estremeciam.
Eu a despertava
para perguntar-:
“O que foi?”
Com os olhos em branco,
ela me olhava fixamente.
Não podia recordar seus sonhos.
Uma noite um pesadelo a despertou,
mas ela no proferiu nenhum grito.
Eu perguntei:
“O que foi?”
Me abraçou com força, com temor silencioso.
Abriu os olhos e deu graças aos céus.
“Sonhei que afogavas”, me disse,
“E eu me joguei ao rio para te salvar.”
Essa noite, um relâmpago
matou nosso búfalo e a meu noivo.
*
Então, uma noite, minha mãe adormeceu
e eu permaneci desperta
observando como abria e cerrava os punhos.
Tentando tomar posse de algo.
sem conseguir e tentando de novo.
Eu a acordei,
porém ela se recusou a contar-me o sonho.
Desde esse dia
não pude dormir tranquila.
E me mudei para outra casa.
Agora ambas gritamos
em nossos pesadelos.
E se alguém pergunta
simplemente dizemos
que não podemos recordar nosso sonhos
terça-feira, 5 de julho de 2016
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