Primeiros sinais... Minha coluna deu "pt" e depois de uma manhã no Risoleta Neves e três injeções para dor ganhei uma tarde de repouso compulsório. Aproveitei para concluir a primeira leitura do Livro Enzra Pound - Poesia -que me emprestou Ricardo Aleixo.
A conclusão é simples: sinto que nem outra vida seria suficiente para traduzir tantas referências incrustadas, como pedras, nos versos de Pound.
Quantas leituras seriam necessárias para apenas arranhar coisas como " a água corrente coagula o frio" do canto 49?
Pound, sua poesia e sua existência me transporta para distorções especulares assustadoras. O que dizer de uma existência tão carregada de suas próprias contradições?
Como ele mesmo diria: "respondeu certo segundo a sua natureza".
Penso que eu bem que podia ter crido em uma entidade que se anunciasse como o arauto da justiça contra a exploração. (todos os "ismos" com os quais esteve envolvido)
Lendo Pound esbarro mais uma vez na minha mediocridade. Minha biografia não se aproxima nem de Pound nem de ninguém. Vou chorar cem vezes contra a usura mas nunca farei um canto 45. Esta é a minha tosca biografia.
Desde a infância me coloquei a margem, nem louca, nem sóbria, nem quente nem fria, nem isso, nem aquilo. Sempre quis ser todas e por mais que eu deseje alcançar um estado de completa loucura no qual a fé, o amor, o real e o desejo sejam escória indolor, caminho sobre a borda da lâmina.
Talvez não viva tanto quanto Pound, pois não fui agraciada com as ausências que possivelmente prolongaram sua vida. Pound viveu a escrever. Quanto a mim, mesmo a poesia, aquela que serviu de testemunho de alguma lucidez de Pound, me enoja. Sei de seu caráter de masturbação intelectiva, de sua natureza (para mim) de autoengano para camuflar a tragedia que é a vida.
E até esse texto, que a principio seria um monologo aspirando a diálogo, não passa do mais baixo exercício da tirania do fraco.
Se você quiser ler, leia. Espero que seja capaz de ir mais fundo em Pound que em si mesmo. Dessa forma eu recomendo o mergulho.
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