Estou aqui pensando em como os sistemas institucionais do nosso tempo se apropriam do que é revolucionário para mascarar (ou matar) uma renovação.
Indiscutível o quanto a obra de Guimarães Rosa é revolucionária no que diz respeito a sua proposta para a vida. Mas vejam só: no final da década de noventa (1998 a 2002) a Secretaria do Estado da Educação de Minas Gerais apresentou uma proposta chamada Escola Sagarana, nos moldes dos pensamentos rosiano, ou seja, uma proposta de educação para a vida, que concebe a formação da pessoa em uma outra escola, outro paradigma de homem, de sociedade, de mundo, cujos fundamentos não deveriam ser mais a dominação, a separatividade, a linearidade.
O que deveria dar base à essa lógica seria a compreensão da sociedade, do mundo como uma grande teia, tecida por todos os viventes, onde cada um, na sua singularidade contribui para essa grande construção, fundamentados no respeito, na cooperação, na liberdade e na solidariedade.
A proposta não mudou nada. As escolas continuam exatamente como sempre foram, um lugar de linearidade, sequencialidade, ordenamento, do mérito, do individualismo e outros conservadorismo. Mas o discurso "sagarana" segue afinadíssimo.
Acho que a única coisa boa foi a semente que essa proposta plantou em mim. Sigo de dentro, como a raposa do garoto espartano, comendo as vísceras desse sistema doente. Ao toque de Guimarães.