Tenho vivido a exclusão e as rupturas como tropeções que me arrancam as unhas dos dedos dos pés. Algo bem dolorido.
Tudo isso porque sou assim: busco continuidades e vínculos em minhas relações. Não como a ligação de um abelha no enxame, que não compartilha com a operária ao seu lado, unida apenas para se proteger das intempéries e dos predadores.
Ando a procura do vínculo morno que aquece a alma. Aquele que vivo quando um amigo, que mesmo tão fora e tão diferente de mim, vislumbra por um segundo a minha essência - e aceita-a.
Busco também o encontro de amor que, num lapso de tempo, faz com que eu sinta que ele e eu somos um, e ainda assim posso ser eu mesma.
Estou aprendendo que rupturas podem significar inclusão. E estar fora do bando não é deixar de ser amada. Significa que agora estou ligada em mim mesma, lidando apenas com quem me ama e me aceita de verdade. Significa que sou tão singular que o molde de um grupo não me aprisiona.
Estou resignificando a dor de me sentir excluída. Não estou perdendo partes de mim, estou arrancando as partes do outro que grudou em mim como uma flor-da-terra que, para lançar sua bela flor sobre a terra, precisava sugar a seiva vital de minhas entranhas, aquela que faz eu ser quem sou.
Norma de Souza Lopes