Acordar no domingo lembrando do triste filme pornográfico, aqueles meninos das entregas de comida e suas bicicletas, dormindo nas praças para estar no centro na hora de recomeçar.
Lembrar que passei os últimos anos gritando:
- Ei, não estão vendo as engrenagens da grande Matrix?
Caminho todos os dias sob esse deserto do real lutando para não dizer, como os judeus - saudades das cebolas do Egito - pois sei que o mar de cuspe azul em que nadávamos no passado nunca me tiraria do lugar.
Não é por acaso que me lembro a redação enfurecida que escrevi em 1993 para um trabalho de história. Nela eu atacava Fukuyama e seu delírio de fim da história. Por causa dela eu, que era empregada doméstica, chamei atenção de meu professor, recebi o convite de trabalho como estagiária no Arquivo Público Mineiro. Meu professor Afonso, diretor daquela instituição, me motivou acenando com a oportunidade, caso fosse aprovada na UFMG. Poderia dizer que foi mérito. Mas não. Foi apenas uma raríssima exceção.
O capitalismo não dorme. Os meninos não dormem. Eu não durmo.
Ou durmo. Meia pílula por noite para não enlouquecer.
Tomo duas. E se não tomar no horário, meu sono fica todo fodido.
ResponderExcluirSeus mergulhos na memória são como aqueles dos pescadores de pérolas. Nós mergulhamos com você e sempre acabamos sem fôlego, com a alma doída. Sua poesia é magistral e sua prosa é sempre um presente aos olhos, quando eu consigo encontrá-la em meus percursos por aqui.
Estamos juntos meu querido.
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