Uma vez quis ser homem
para casar-me com minha irmã
que já passara por três divórcios.
Para amar às minhas amigas
que em cada relação morrem um pouco.
Quis ser homem
para fecundar seus ventres
não de filhos
mas sim de poesia,
vinho tinto
relógios parados
unicórnios azuis.
Para dizer a Josefina
quanto admiro sua forma de se entregar
para escrever a Rosi
essas cartas que nunca chegam
chamar Pilar por telefone
que espera tantas tardes
cheia de caricias prolongadas
o espaço de Beatriz
que vive só e tem
medo de tremores.
Queria ser homem,
para amar a todas
e não sentir mais
o frio de suas lágrimas
em minha camisa
nem vê-las apagar-se
nem presenciar
em seus ataúdes de trinta anos.
Queria ser homem
para convidá-las
a navegar o universo,
bailar descalças
porque a vida
é o presente mais precioso
levá-las pelo braço
até uma cama
onde não tenham que fingir orgasmos.
Sou mulher
e ainda que eu possa
compartilhar com elas a poesia,
escrever-lhes cartas
chamá-las por telefone,
encher-lhes de carícias prolongadas,
navegar o universo,
bailar descalças
secar seu pranto,
tocar sua alma
não é suficiente.
não lhes alcança.
Porque, desde meninas, aprenderam
que os homens são
um prêmio
que elas tem que amar
sem se importar
se eles as amam.
de Corramos libres ahora, 1986/1994
Reeditado por LeSVOZ, México D.F., 2008
Daqui ó https://libroemmagunst.blogspot.com/2019/01/rosa-maria-roffiel-3-poemas-3.html?m=1
Daqui ó https://libroemmagunst.blogspot.com/2019/01/rosa-maria-roffiel-3-poemas-3.html?m=1
Cada poema desse é uma pancada que me faz odiar ser homem...
ResponderExcluirA escolha é intencional, querido. Tbm há os de amor.
ResponderExcluir