sexta-feira, 28 de outubro de 2016

um poema interminável

e há os dias em que a gente deseja
escrever um poema nu
como aquelas músicas instrumentais
que as rádios tocavam ao meio-dia
um poema sonoro como o clac clec
das pedras guardadas no bolso
para o mergulho de emergência
um poema que parisse esquecimentos

mas não há palavras que possam alvejar 
as nódoas do coração
tampouco posso dispersar
os cães sem dono no portão
no fim a gente se acostuma
a caminhar por essa rua sem nome
os números fora de ordem, a vida
já seria bom se eu estiver presente
no meu próximo aniversário

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