Depois do deserto
e da solidão
eu falo a palavra água
e ela me inunda
Uma enchente
um tsunami
um caldo
de corpo e alma
lavada
Flutuo até os estrados
do telhado devastado
e espero a água baixar
Quando o pássaro voltar
eu mesma vou ser
minha mãe
serei mãe
Então
a água que também
escorre dos meus olhos
irá secar
N.S.L
31/05/13
sexta-feira, 31 de maio de 2013
quinta-feira, 30 de maio de 2013
segunda-feira, 27 de maio de 2013
MARCHA DAS VADIAS
Fui substituir hoje na turma J, daquela minha amiga que está doentinha em casa (quebrou o pé). Por falta do que fazer levantei assunto: " a Marcha das Vadias".
Dei o histórico do movimentos e depois da discussão e dos esclarecimentos pedi que eles me escrevesse um pouco sobre o que pensavam sobre o assunto. "A Marcha das Vadias" foi escolhido como tema porque eu venho conversando com algumas pessoas sobre isso e achei importante saber o que a galerinha pensava.
E preciso dizer que tratava-se de uma turma de oitavo ano e que o tema chamou a atenção da maioria mais por causa da sua conotação sexual que política.
Depois da discussão recolhi as produções e veja o que encontrei: as meninas (a maior parte) disseram que cada mulher deve se vestir e se comportar como quiser, que devem se valorizar mais. Alguns garotos (dois) se manifestaram contra mas em sua maioria os meninos disseram "não concordo mais respeito" .
RESPEITO.
E eu já me dou por satisfeita. Na minha turma de oitavo ano (uns trinta anos atrás), o resultado teria sido péssimo. Devagar e sempre meninas. A gente chega lá.
sábado, 25 de maio de 2013
Com que face me faço
Na noite passada
assentada na praia
uma onda
em forma de avalanche
me arrancou de mim
Depois do caldo
cuspi a areia
e a mania de amar
às cegas
o eu invisível
a cópia de identidade
que eu mirava
como narciso
Às vezes vem de fora
a ordem para
descascar
o tecido de si
N.S.L
25/05/13
assentada na praia
uma onda
em forma de avalanche
me arrancou de mim
Depois do caldo
cuspi a areia
e a mania de amar
às cegas
o eu invisível
a cópia de identidade
que eu mirava
como narciso
Às vezes vem de fora
a ordem para
descascar
o tecido de si
N.S.L
25/05/13
quarta-feira, 22 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
Então. Acabei de chegar. A companheirada toda lá. Colei na Livia Damasceno e na Eloisa Barbosa. Nas argumentações o pessoal da Saúde tira de letra. Além do salário, eles batalham por plano de carreira.
Lacerda continua naquele ramerame do "se houver arrecadação" . Não dá para encerrar uma greve negociando um aumento na base do "se". Continuo puta com essa liminar que põe a passeata dentro de um cordão de isolamento. Fechar Paraná e Santos Dumont o ordinário pode né?. Nos temos que ficar dentro dessa corda como aboiados.
Não falaram nada concreto acerca de desconto na folha de pagamento, mas sem negociação, sei lá. Mas tenho que dizer para os meus alunos que continuo em greve. Para o Breno Wesley que me pediu para voltar para ele não ter que estudar nas férias e poder soltar papagaio, digo: sinto muito meu lindo. A única coisa que sua professora pode te ensinar hoje é a lutar. Greve é luta meu amor. Se quiser lutar também pode ligar para o 2778606, 32778593 e pedir o prefeito para negociar logo essa greve.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Lugares
E se depois de muito procurar, você achasse seu lugar no mundo e não quisesse morar lá?
N.S.L
20/05/13
Caetano e o "malucos das redes sociais"
Estou aqui lendo as noticias de hoje, os compartilhamentos das minhas fanpages e amigos e pensando na expressão "os malucos das redes sociais" dita pelo Caetano Veloso no Globo de ontem.
Cara, não posso concordar com essa ideia. Sou contrária a maior parte da organizações corporativas por causa do seu poder ideológico e sei que o facebook é uma. Mas dizer que seus usuários são malucos é tentar ridicularizar os usuários e algo muito importante que essa ferramenta propicia.
Observando minha experiência posso afirmar com certeza que aprendi mais sobre politica, cultura e comportamento em um ano de facebook que em oito anos de escola.
E conheço mais de uma dúzia de pessoas que estão vivendo o mesmo fenômeno.
Mas isso não é fácil. É preciso achar bons interlocutores, pular o conteúdo "abobrinha" (às vezes - de vez em quando é bom) e seguir lendo conteúdo contrastante para construir um terceiro ponto de vista.
Não acho que sou uma maluca de redes sociais. Sou é bem informada. E com isso acho que muita gente não contava.
sábado, 18 de maio de 2013
Os porteiros estão deixando seus portões
Bati primeiro no 54
era o número errado
tentei roubar rosas
para você
não deu
Agora que achei
o seu portão prometo
não espero mais um ano
por um abraço
Mais tarde
quando as pessoas
desse terraço
estiverem desatentas
ao nosso esforço
em esconder o amor
podemos conversar?
Por medo de velocidade
venho viajando
no banco de trás
da vida
mas prometo
ser invisível
e infinitamente livre
para te amar
N.S.L.
18/05/13
era o número errado
tentei roubar rosas
para você
não deu
Agora que achei
o seu portão prometo
não espero mais um ano
por um abraço
Mais tarde
quando as pessoas
desse terraço
estiverem desatentas
ao nosso esforço
em esconder o amor
podemos conversar?
Por medo de velocidade
venho viajando
no banco de trás
da vida
mas prometo
ser invisível
e infinitamente livre
para te amar
N.S.L.
18/05/13
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Casa Vazia
Acabei de ver agora "Casa Vazia" de Kim-Ki Duk, filme coreano que me aplicou ontem Leo Gonçalves. Trata-se da narrativa acerca de um jovem que ocupa a casa de estranhos e mora nelas enquanto os donos estão fora. Para pagar a estadia ele realiza pequenos consertos ou faz limpeza na casa. Ele costuma ficar um ou dois dias em cada lugar, trocando de casa constantemente. Um dia encontra uma bela mulher em uma mansão, que assim como ele também esta tenta escapar da vida que leva.
Gostaria de compartilhar esse filme com Marcos Beccari que me ajudou a compreender a importância da invisibilidade e Movimentos Cidades Invisíveis que também divulga essa importância.
O filme tem fotografia e enredo maravilhosos mas brilha quando mostra a liberdade que há no ato de ser invisível. Ele encerra com a frase "É difícil dizer se o mundo em que vivemos é uma realidade ou um sonho" Obrigado Leo, sugestões como essas são como suaves sonhos.
Estive ontem (15/05/13) no SESC Palladium para assistir a apresentação de Mariana Botelho e Ricardo Aleixo - De Um a Outro Silêncio.
Em cerca de quarenta minutos pude ouver no palco o baile dos sons e do silêncio. Entrelaçamento poético, entrelaçamento de olhares, apuro performático.
A voz segura e suave de Mariana Botelho ia sendo envolvida pela miríade de sons retirados com maestria dos diversos instrumentos no palco e gerava no espaço um eflúvio de amor.
Ricardo, um também amante do silêncio, levou para o palco sua voz e sua capacidade inabalável (mesmo diante de um ar-condicionado furioso) de encher de forma sonora a sua poesia. Cantou, tocou e trouxe até Marcelo Sahea para o baile, naquela poesia que também parece anunciar o silêncio.
Em um certo momento, em que a cumplicidade dos dois escorreu pelo teatro na forma de uma troca de sorrisos, eu pensei no quanto precisamos nesse mundo trágico de amantes poetas. Estou certa que experimentei nessa noite algo sublime. Quando amor e poesia se encontram nós, os aficionados, ganhamos.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
terça-feira, 14 de maio de 2013
Leve
Habitar a casa
pintar paredes
alaranjadas
ocupar as ruas
com risadas
Dar de mim no cativeiro
fingir cumprir tarefas
enquanto cultivar revolucionários
aprender com os adversários
Ignorar sombras de amor
em rastros de olhares
errar às vezes
mosquear saraus e bares
Provar a vida
na superfície côncava do corpo
plantar mudas de desejo
no horizonte da pele
não perder um ano
esperando por um abraço
E quando enfim
chegar o fim
não ser apenas
um caixão
pesado de sonhos
N.S.L.
14/05/13
pintar paredes
alaranjadas
ocupar as ruas
com risadas
Dar de mim no cativeiro
fingir cumprir tarefas
enquanto cultivar revolucionários
aprender com os adversários
Ignorar sombras de amor
em rastros de olhares
errar às vezes
mosquear saraus e bares
Provar a vida
na superfície côncava do corpo
plantar mudas de desejo
no horizonte da pele
não perder um ano
esperando por um abraço
E quando enfim
chegar o fim
não ser apenas
um caixão
pesado de sonhos
N.S.L.
14/05/13
Carnaval de Hugo Guttiérres Vega
Traduzi hoje. Emocionante
Carnaval
Tudo é superficial
e tudo é falso,
disse o turista culto
farejador de enganos
Os comerciantes vendem
sua alegria enlatada
e detrás dos gritos
aguçam as presas
o vampiro banqueiro
Sem dúvida os corpos,
a dança dos olhares
a imensa gargalhada
a fantasia de trapo
fazem do velho rito
vivíssimos farrapos
Já não poderão os ratos
derrotar esse povo
nem calar essa música
nem rasgar esse trapos
Hugo Guttiérres Vega
Carnaval
Tudo é superficial
e tudo é falso,
disse o turista culto
farejador de enganos
Os comerciantes vendem
sua alegria enlatada
e detrás dos gritos
aguçam as presas
o vampiro banqueiro
Sem dúvida os corpos,
a dança dos olhares
a imensa gargalhada
a fantasia de trapo
fazem do velho rito
vivíssimos farrapos
Já não poderão os ratos
derrotar esse povo
nem calar essa música
nem rasgar esse trapos
Hugo Guttiérres Vega
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Moscas de bar não batem ponto
Vem do cativeiro
beco da manhã
a voz solene
venda-se
ao sonho do sucesso
N.S.L.
13/05/13
beco da manhã
a voz solene
venda-se
ao sonho do sucesso
N.S.L.
13/05/13
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Metralhadora de conteúdo, como sempre, Tom Zé descreve um giro do dedo (e com conteúdo) e conta a história da música brasileira. Achei fantástico. " A primeira imprensa/ conformação da música brasileira veio do Turbadu e do João Gler eram da 1ª cultura da Europa que era a cultura Celta antes da romanização. Depois recebeu, vindo da Pérsia, a música religiosa sufi que passou pelo Magrebe ali no norte da Africa. Foi influenciada por alguns ritmos africanos, entrou em Andaluzia no século IX e XI. Os cantadores de Moarchá (será assim que se escreve?) e essas coisa unidas (Turbadu, João Gler e Moarchá) fizeram a canção brasileira." Até agora não achei nada na internet para me contar direito essa história mas sei que é quente. Tudo que ele diz é!
Ao final da entrevista fiquei com muita vontade de fazer o que ele fez na entrevista: desfocar dessa história de Coca-cola e fazer de Brasil, de música, de Irajá (e de como um artista pode ser lindo, criativo e competente sendo ele mesmo) o melhor assunto do mundo.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Gente boa é gente viva
Sempre que vejo um corpo morto
a bala, faca ou coisa que o valha
(e vejo muitos por aqui)
o aperto do choro
no peito e nos olhos
me esmaga
Gente boa é gente viva
não importa
de que lado da lei
estava
o vivente que
aquele corpo
habitava
N.S.L
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