A mãe na pia, lavando aquela montanha de louça da bacalhoada e o miúdo sai com essa.
_ Mãe, hoje tem escola?
_ Mãe, hoje tem escola?
_ Você quer dizer aula. Não filho, hoje é domingo de Páscoa.
_ Ah! Queria ir na escola hoje.
A mãe se vira e lança um olhar curioso para o filho.
_ Minha professora contou que a páscoa não é só o ovo de chocolate. Ele contou de Moisés, e de Jesus também. Sabia que ele ressuscitou, mãe?
_ Sabia, filho.
_ Mãe, você achou bonita a ovelha que eu pintei?
_ Achei linda, filho.
_ A professora deu um bombom junto. Todos na escola ganharam. Você acha que a escola gosta da gente, mãe?
_ A escola são as pessoas que trabalham nela filho, suas professoras, os funcionários, a direção. São eles que gostam de você.
_ Minha professora gosta de mim. Ela brinca comigo, e até está me ensinando a ler, né mãe?
_ Todos gostam, filho. As pessoas que trabalham na sua escola escolheram isso porque gostam de criança e gostam de ensinar.
_ Tem criança que estraga a própria escola, mãe. Eu não faço isso nunca. Acho minha escola linda. _ Nem todas as escolas são como a sua, meu pequeno. Há lugares em que as pessoas pensam diferente, acham que escola são pequenas fábricas de construir aprendizes. Se esquecem de presentear e de brincar por acham que isso não é importante.
_ Ainda bem que minha escola é não é assim, né mãe.
_ Ainda bem filho.
Norma de Souza Lopes
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