segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Urbes natural


É no mínimo curiosa as forma que a natureza encontra para se manter nas cidades. Não que ela detenha a força do concreto. Este segue engolindo a tudo e a todos. O concreto das casa e dos edifícios parece avançar até sobre o espírito dos citadinos. No entanto a  natureza não desiste.
Na alma daqueles que deixaram o interior, ela se revela nos fundos das casas, nas minúsculas hortas plantadas em latas de tinta recicladas. O morador  envergonhado por ter deixado a roça plantada dentro de si, planta cebolinhas, coentros e salsinhas e esconde nos fundos da casa.
No muros vemos às vezes samambaias brotando por entre o consistente cimento. As arvores urbanas resistem bravamente, mesmo quando massacradas pela fumaça preta dos veículos.
O mais triste é ver que talvez a última reminiscência da natureza permaneça apenas nos nomes dos bairros. O que foi feito da cachoeirinha, da lagoinha, da lagoa, do beija-flor, das águas claras, da garças, dos coqueiros, do belmonte, do jatobá, dos buritis e de tantas outras paisagens naturais de Belo Horizonte que deram nomes aos bairros? Esses espaços desnaturados deixaram órfãos os amantes da natureza
Creio que nem seus moradores cogitam a existência dessas paisagens.


Norma de Souza Lopes

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