- Estive lá, onde tudo começa.
- E era como?
- Me sentia grata. E sabia qual era a raiz do mal.
- E qual era?
- Não eram os homens. Nem as mulheres. O mal é querer controlar. Controlar o que acontece: na minha vida, na vida dos outros...
- Parece difícil.
- Eu vi meu pai. O rancor ao pai, ao pai do pai, morava no meio de seu peito. Eu estava lá, podia arrancá-lo. Era como se todo o mal que atravessa a vida dos homens da minha família estivesse naquela teia negra no plexo de meu pai. Podia, mas não devia. Não arranquei. Voltei em prantos, mas não arranquei.
- Lá, onde começam homens e mulheres, você quis escolher uma natureza?
- Não, não precisava escolher. Não precisava pensar. Não precisava nem dizer nada. Lá onde tudo começa, eu só precisava ser.